O Bloco de Esquerda requereu, esta sexta-feira, a audição parlamentar do presidente do Instituto Português de Sangue, para esclarecer o que esteve na origem de quebras nas colheitas, que quase esgotaram os 'stocks', e saber que medidas vão ser tomadas.
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Para João Semedo, a quebra de reservas de sangue é muito grave e é necessário perceber como se chegou até aqui e que medidas urgentes o Governo vai tomar.
O presidente do Instituto Português de Sangue e da Transplantação (IPST) e o secretário de Estado da Saúde anunciaram ontem que as reservas de sangue do país estavam à beira de esgotar: o 'stock' para os grupos sanguíneos A e O negativo não chega para mais de dois a três dias e as reservas para os outros grupos não ultrapassam os dez dias.
Em declarações à Lusa, João Semedo manifestou-se "espantado" por o Governo alertar para uma situação pela qual é responsável, sem que depois diga o que pretende fazer para resolver a situação.
O secretário de Estado atribuiu a queda abrupta nas colheitas a notícias que davam conta de desperdício de plasma em Portugal e que terão levado as pessoas a deixar de dar.
Para o Bloco de Esquerda (BE), uma tão acentuada e generalizada falta de sangue não pode resultar apenas do impacto de uma notícia dos últimos dias.
João Semedo considera tratar-se de uma "desculpa sem qualquer sentido", e mostra-se convicto de que "o problema de fundo é a redução dos orçamentos do IPST que deixaram as equipas de recolha fortemente limitadas por razões orçamentais".
A isto acresce o "desincentivo da perda de isenção de taxa moderadora" para os dadores e o período do ano.
Mas para o BE, mais do que perceber qual a origem desta situação, importa conhecer as medidas concretas a serem tomadas pelo Governo para fazer face a esta quebra nos 'stocks'.
O BE entregou esta manhã de sexta-feira, na Assembleia da República, uma carta na qual requer, com carácter de urgência, a audição de Hélder Trindade pela Comissão Parlamentar de Saúde, "com a finalidade de debater a situação actual das reservas de sangue e as razões para a sua quebra acentuada, bem como as medidas necessárias".
No documento, os bloquistas apontam alguns caminhos como a intensificação das recolhas, com multiplicação de postos e equipas para esse efeito.
"É necessário também esclarecer se, actualmente, o volume das recolhas é o indicado ou se, ao contrário, em virtude das restrições orçamentais e da carência de técnicos e outro pessoal, está a verificar-se uma redução do sangue recolhido pelas unidades do IPS", afirma o BE.
Os bloquistas querem ainda avaliar a gestão dos stocks de sangue armazenados no IPST e saber se há redução do número de dadores, na sequência do fim da isenção das taxas moderadoras.
O mesmo motivo levou também o Partido Socialista a entregar uma carta à presidente da Assembleia da República, no sentido de solicitar "diligências junto do Instituto Português de Sangue para organizar uma semana de recolha de sangue na Assembleia da Republica, permitindo que os Deputados e funcionários, se associem voluntariamente a este apelo Nacional".
"Trata-se de uma iniciativa simbólica, de solidariedade, que permitirá contribuir para um esclarecimento da população sobre a importância vital das dádivas de sangue para a adequada qualidade da prestação dos cuidados de saúde", esclarece.