Bombeiros da Amadora e de Sintra suspenderam serviço de transporte de doentes
As corporações de bombeiros de Sintra e Amadora suspenderam, a partir desta quarta-feira, o serviço de transportes de doentes não urgentes contratado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, mas mantêm o serviço privado.
Corpo do artigo
Segundo o porta-voz das direcções das nove corporações de Sintra e da Amadora, Luís Silva, este serviço está suspenso até que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e o Ministério da Saúde alterem "procedimentos de pagamento" aos bombeiros.
"A partir de hoje estão suspensos os serviços contratados pela plataforma porque os preços que se estão a praticar são insuportáveis. Não há verbas, neste momento o transporte de doentes é incomportável e seremos obrigados a acabar com o transporte se as condições se mantiverem", disse à agência Lusa, Luís Silva, presidente da associação de bombeiros de Agualva-Cacém.
As corporações alegam que o novo Sistema de Gestão de Transportes de Doentes da ARSLVT, que instituiu novas regras no pagamento, retirou aos bombeiros a sua "mais importante receita", uma vez que provocou quebras de 70 por cento de facturação, pondo em causa dezenas de postos de trabalho nestas corporações.
Criticam as alterações que contemplam o não pagamento "do retorno do doente transportado à unidade hospitalar" e o "mecanismo de pagamento do preço de quilómetro" dentro das localidades, sem qualquer diferenciação sobre o território em que actuam as corporações.
"Os bombeiros estão a ter uma média de seis mil euros de prejuízo por mês, o que é insuportável para as nossas tesourarias. Não há associação nenhuma nestes dois concelhos que consiga sobreviver. Nós estamos a ter prejuízo e estamos a substituir o Estado para prestar este serviço. E não conseguimos. Não é má vontade nossa", disse.
O responsável explicou que apesar de as corporações terem suspendido o serviço de transporte de doentes vão continuar a transportar doentes do Serviço Nacional de Saúde apenas para tratamento de hemodiálise, uma vez que estes doentes correm riscos caso suspendam o tratamento.
Apesar da suspensão do serviço contratado pela ARSLVT, as corporações continuam a transportar doentes não urgentes em regime de privado.
O porta-voz das direcções das associações avançou que, caso as negociações entre os bombeiros e a tutela não altere as condições, as corporações serão obrigadas a despedir entre 100 a 120 pessoas, "pondo em causa o socorro das populações", uma vez que "muitos desses elementos acabam por também fazer voluntariado" após o horário laboral.
As dez corporações rejeitaram, na terça-feira, 345 serviços de transporte de doentes não urgentes solicitados pela ARSLVT.