Os caçadores podem avançar no próximo ano com "manifestações de força" contra o Governo, nomeadamente ao não pagar as taxas anuais, por sentirem que o setor está esquecido, segundo o presidente da Federação Portuguesa da Caça.
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"Estamos a pensar no fim da época venatória, fins de fevereiro, e talvez para maio, no encontro nacional durante a Expo Caça em Santarém, fazer uma grande manifestação de força. A primeira que vamos fazer é não pagar as taxas", informou Jacinto Amaro, citado pela agência Lusa.
Em véspera da abertura do período de caça à perdiz, o responsável acusou o executivo de apenas "arrecadar" verbas sem fazer nada para "minimizar o efeito das doenças e pelo setor, que produz cerca de 10 milhões de euros", entre as taxas das concessões das zonas de caça e as licenças anuais dos caçadores.
"Vamos recusar-nos liminarmente a pagar a quem não faz rigorosamente nada pela caça", avançou o responsável, que contabiliza a perda de 10 mil caçadores por ano.
Para o início do ano, a federação pode ponderar "novas estratégias e que podem levar ao abandono das zonas de caça e agarrar nas milhares de tabuletas e paus colocar à porta do ministério", afirmou Jacinto Amaro, referindo a existência no país de 100 mil caçadores.
"A triste conclusão que os caçadores estão a chegar é que pagam a um organismo (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) que está utilizar o seu dinheiro para matar o próprio setor da caça", concluiu.
A 1 de setembro iniciou-se a caça ao coelho, que está a ser marcada pela existência de um vírus modificado que tem atingido os animais jovens.
"Baixou as populações drasticamente", resumiu o responsável, acrescentando que a maioria dos caçadores não está a caçar coelhos e que, nos outros casos, "caça-se poucos dias e poucos indivíduos por caçador".
"O gestor consciente não deve abusar da pequena população de coelhos que existe e deve limitar a caça para não pôr em causa os anos diferentes", disse à Lusa.
A caça às lebres também já se iniciou, mas, por os animais viverem no habitat das perdizes, a sua apanha intensifica-se no próximo fim de semana, afirmou Jacinto Amaro.
Oficialmente a época da caça às perdizes inicia-se na terça-feira.
"O ano promete para as perdizes e para as lebres, pensa-se que as populações estarão estáveis", indicou.