O ministério da Agricultura exonerou Mourato Nunes do cargo de director do Instituto Geográfico Português a 18 de Janeiro e a sua carta de demissão deu entrada nos serviços apenas a 20, informou fonte oficial.
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O despacho de exoneração do tenente-general Carlos Mourato Nunes tem data de 18 de Janeiro, quarta-feira da semana passada, e a decisão foi-lhe comunicada pessoalmente pelo secretário de Estado do Ambiente e Ordenamento do Território, Pedro Afonso de Paulo, no dia seguinte.
A carta de demissão do antigo comandante da GNR só deu entrada nos serviços no dia 20, sexta-feira, referiu a fonte do ministério de Assunção Cristas.
Na carta, Mourato Nunes manifesta "estranheza" e "desencanto" com a ministra da Agricultura e alega nunca ter sido ouvido sobre a nova orgânica do ministério da Agricultura, que considera "redutora" e "minimalista".
Na carta dirigida a Assunção Cristas, Mourato Nunes considera mesmo que a nova orgânica do ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) - onde o IGP é extinto e integrado na Direção-Geral do Território - representa "uma oportunidade perdida" e "não serve os interesses do país".
Carlos Mourato Nunes afirma que "no que à Geodesia, Cartografia, Cadastro e Informação Geográfica respeita" no âmbito do PREMAC, nenhum dos membros do Governo ouviu "os dirigentes nem os especialistas" do IGP.
"Aliás, se o tivessem feito, para além da dimensão ética da atitude, a reforma seria diferente, para melhor, sem desrespeitar as linhas de orientação do Governo no que ao PREMAC refere", acrescenta.
Mourato Nunes defende ainda que Assunção Cristas tem "o direito de gerir o ministério como entende ser politicamente mais adequado" e "o direito e a prerrogativa de escolher dirigentes da sua confiança política e que considera melhor vocacionados para cumprir os objectivos do Governo", mas não o de "não receber em audiência os altos dirigentes em exercício de funções, de não os ouvir para os grandes estudos e análises que concorrem para a elaboração do processo de decisão, que deveria preceder as reformas em curso".
"Ao longo do período de sete meses de mandato do XIX Governo Constitucional que V. Excelência integra, não me foi facultada a possibilidade de uma audiência para consigo dialogar, expor pontos de vista, discutir políticas, receber orientações ou, tão simplesmente, estabelecer uma mera relação de conhecimento (...) Durante estes meses do seu mandato, que segui atentamente, esperei uma palavra, uma orientação, uma oportunidade; tal não aconteceu, situação que lamento profundamente e que, por inusitada, muito estranho", assinala.