O ministro da Educação, Nuno Crato, disse, esta quarta-feira, no parlamento, que mais depressa compreende uma greve de toda a Função Pública do que uma paralisação de professores, alegando que os docentes já trabalham 40 horas semanais.
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"Continuamos abertos às negociações. Mas 40 horas de trabalho já os professores fazem. Aplica-se a toda a Função Pública. É um problema da Função Pública, não é um problema com os professores. Mais facilmente entendo uma greve de toda a Função Pública do que uma greve de professores", declarou o ministro durante uma audição na Comissão de Educação.
Nuno Crato reafirmou que os exames têm um calendário extenso e rigoroso, que tem em conta os feriados e as candidaturas ao Ensino Superior, além das férias dos professores e a preparação do ano letivo seguinte.
"Com esta situação não se brinca. Era sobre isto que devíamos ter um pacto de regime. Os jovens e as crianças são o objetivo da escola", disse, acrescentando que estão em causa 75 mil alunos, logo no primeiro dia de exames, 17 de junho, para quando está agendada a greve geral de professores.
O deputado do PCP, Miguel Tiago, retorquiu: "Já temos um pacto de regime para a Educação. Chama-se Lei de Bases do Sistema Educativo, que o senhor ministro não cumpre. Também temos uma Constituição, que o seu Governo não cumpre".
O deputado comunista acusou ainda o ministro de ignorar que o alargamento do horário de trabalho das 35 para as 40 horas semanais vai colocar milhares de professores no desemprego, a somar aos "14 mil professores que as escolas perderam" no ano passado.
Para o ministro, desmarcar a greve está "nas mãos dos sindicatos". Nuno Crato reafirmou a convicção de que nenhum professor vai ter necessidade de na prática ir para a mobilidade especial.
"Uma greve em exames é uma greve que utiliza como reféns os alunos e avança sem pensar no prejuízo que isso causa", defendeu.
Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, acusou o ministro de "lançar o anátema" sobre os professores e desafiou o governante a assumir formalmente a não aplicação da mobilidade especial aos professores: Ponha isso por escrito".
Michael Seufert, do CDS-PP, por seu lado, defendeu que o Governo não deve ceder a pressões que ponham em causa a vida dos alunos e das famílias, perante o cenário de greve às avaliações e aos exames nacionais.
Rui Santos, do PS, considerou que está em curso a "implosão do Ministério da Educação" e social-democrata Pedro Lynce apelou aos sindicatos para reconsiderarem a posição relativamente à greve em época de exames.