O argentino Jorge Mario Bergoglio foi esta quarta-feira eleito papa, tornando-se no primeiro pontífice oriundo da América Latina, numa escolha surpreendente, já que estava entre os cardeais mais velhos do conclave.
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Sorridente, o cardeal jesuíta, de 76 anos, surgiu na varanda da basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, ao som dos gritos da multidão "Longa vida ao papa!".
A comunidade internacional, em especial a latino-americana, recebeu com surpresa e alegria a eleição de Jorge Mario Bergoglio, que escolheu o nomeFrancisco, como 266.º papa da História e o primeiro do continente americano, que escolheu o nome Francisco .
Francisco, o primeiro papa jesuíta, pediu "irmandade" entre os 1,2 mil milhões de católicos e rezou juntamente com a multidão na praça de São Pedro.
O novo afirmou que os cardeais "tinham ido ao fim do mundo" para o eleger e do outro lado do Oceano Atlântico, em Buenos Aires, as comemorações não se fizeram esperar.
Os líderes mundiais elogiaram a eleição do papa, que escolheu o nome numa homenagem a São Francisco , com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a afirmar tratar-se de "um defensor dos pobres e dos mais vulneráveis, que vai continuar a transmitir uma mensagem de amor e de compaixão".
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, desejou ao compatriota "uma missão pastoral produtiva".
O Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, saudou o novo papa e lembrou que o cardeal-arcebispo de Buenos Aires é "o pastor de uma vastíssima comunidade, na qual se encontram inúmeros portugueses".
Em comunicado, o Governo português desejou que o novo pontificado seja de esperança, de paz e de intervenção ativa da Igreja Católica nas "grandes questões" atuais.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou que a escolha de um papa do continente americano mostra a universalidade da Igreja.
O novo líder dos Anglicanos, Justin Welby, disse esperar "caminhar e trabalhar em conjunto para edificar o legado consistente dos predecessores".
O Presidente de Cuba, Raúl Castro, felicitou o cardeal argentino, emitindo ainda um "testemunho" da mais elevada e distinta consideração pelo facto de ser um papa "da Companhia de Jesus" a liderar a Igreja católica.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que a escolha dos 115 cardeais na capela Sistina "tinha alargado a perspetiva da Igreja" e elogiou a coragem de "atravessarem o Oceano".
Um especialista em questões religiosas no jornal Clarin, de Buenos Aires, afirmou que, como João Paulo II, Bergoglio é "um conservador a nível da doutrina, mas progressista nas questões sociais".
A Companhia de Jesus em Espanha assegurou que o novo papa Francisco sempre manteve um estilo de vida "simples" e com "grande preocupação social".
Esta eleição também foi vista como o reconhecimento do crescimento da fé católica na América Latina, que tem o maior número de católicos no mundo, em contraste com o declínio do catolicismo na Europa, o bastião tradicional.
Francisco agradeceu também publicamente ao antecessor Bento XVI, de 85 anos, que tomou a decisão histórica de renunciar ao cargo devido "à idade avançada", a partir de 28 de fevereiro.
A conta papal na rede social Twitter (@pontifex) anunciou a eleição com uma simples frase em latim: "Habemus Papam Franciscum" (Temos papa Francisco).
Nos últimos tempos têm-se registado apelos crescentes, de dentro e de fora da Igreja, para que um novo papa fosse escolhido no hemisfério sul, mas Bergoglio nunca surgiu entre os principais candidatos.
O Vaticano anunciou que a missa inaugural do novo pontificado vai realizar-se na terça-feira, dia de São José, patrono da Igreja católica.