Os efeitos económicos de uma tolerância de ponto são de cálculo muito difícil, quase impossível. É esta a opinião dos economistas ouvidos pelo JN a propósito da "folga" que os cerca de 750 mil funcionários públicos vão ter no dia 13 de Maio e parcialmente nas nos dias 11 e 14, em Lisboa e no Porto.
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Haverá custos, principalmente para a actividade privada que não poderá aceder a serviços públicos, mas também benefícios, já que os funcionários públicos estarão disponíveis para consumir mais.
Reconhecendo que é "difícil" contabilizar os efeitos de uma tolerância de ponto, Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, assinala o carácter excepcional da medida e acentua que o potencial custo da paragem da função pública será compensado pelo ganho adicional do maior consumo que alguns sectores sentirão, nomeadamente o turismo, hotelaria e restauração.
Já João Loureiro, professor na Faculdade de Economia do Porto, sublinha que em termos puramente económicos (reflexo no PIB) o efeito será nulo. Até porque, o "contributo" dos serviços públicos para o PIB é medido pelo custo e este (maioritariamente constituído pelos salários) vai manter-se, já que o dia será pago aos funcionários públicos. João Loureiro também acentua que as perdas serão principalmente sentidas pelos privados que naqueles dias se verão privados dos serviços públicos. Ainda assim, lembra os ganhos adicionais que serão sentidos ao nível do consumo. Posição diferente tem o especialista em Recursos Humanos Luís Bento, que em declarações à TSF, referiu que a decisão vai sair cara, estimando em "milhões de euros" os custos directos e indirectos.
A questão da tolerância de ponto não está a ser pacífica e motivou já várias críticas por parte de patrões e sindicatos. Para a CGTP, é incompreensível que se diga aos trabalhadores para pararem por um dia e umas horas quando estão sempre a ser confrontados com a falta de produtividade. Também o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, criticou a medida, acentuando que, neste momento, o país precisa de trabalhar e não de absentismo.