D. José Policarpo critica grupos que põem interesse individual acima do nacional
O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, criticou este sábado os grupos de classe que fazem reivindicações contra as medidas impostas pela troika e apelou para que o interesse nacional esteja acima dos interesses individuais.
Corpo do artigo
"Está a fazer-me muita confusão ver, neste anúncio das medidas difíceis que até nos foram impostas por quem nos emprestou dinheiro, que os grupos estejam a fazer reivindicações grupais, de classe, não gosto", afirmou D. José Policarpo na homilia de uma missa que celebrou em Alvorninha, Caldas da Rainha.
No final da celebração em que destacou o papel da liturgia como "fundamental para a igreja", D. José Policarpo disse à Lusa que "a liturgia não é separável" do papel da igreja no mundo numa altura em que "a caridade é o grande desafio".
O cardeal patriarca disse que a igreja, "sem se querer substituir a ninguém", tem "um papel a exercer" como "organização da sociedade civil mais significativa, com mais estruturas e mais capacidade de resposta" numa altura em que importa "pedir e anunciar a generosidade e a esperança".
Para D. José Policarpo, Portugal tem de "vencer uma etapa com causas mundiais, causas europeias, mas também certamente causas de má governação" e que tem que ser resolvida "em diálogo com os outros países, mas sobretudo dando as mãos e procurando o bem de Portugal e não o bem de cada grupo, de cada pessoa".
Pôr "o nós de Portugal acima do nós grupal ou dos nós individual" é a atitude defendida pelo cardeal patriarca, que afirmou não gostar do posicionamento dos "grupos de classes", entre os quais os sindicatos, numa altura em que têm que ser vencidas "as visões derrotistas e pessimistas" e "todos somos chamados a vencer o egoísmo, a pensar no nós e não no eu".
O Cardeal Patriarca de Lisboa falava em Alvorninha, Caldas da Rainha, onde hoje presidiu a uma missa comemorativa do seu jubileu sacerdotal, precisamente no dia em que se completam 50 anos sobre a primeira eucaristia que celebrou, em Alvorninha, de onde é natural.
No final de missa a que assistiram cerca de meio milhar de fiéis e vários representantes da igreja católica, o presidente da câmara das Caldas da Rainha, Fernando Costa, ofereceu a D. José Policarpo um Santo António em cerâmica, desenhado há mais de cem anos por Rafael Bordalo Pinheiro.