Doente com suspeita de ébola no "S. João" deslocou-se ao hospital pelo "próprio pé"
A diretora clinica do Hospital de S. João, Porto, onde está internada uma pessoa com sintomas suspeitos de Ébola, disse, esta segunda-feira, que o doente se deslocou até ao hospital "pelo próprio pé", enviado por um serviço de saúde privado.
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Margarida Tavares, que falava à RTP, alertou a população para que "em caso de dúvida, mesmo que vaga", deve contactar a linha de Saúde 24 para "poderem ser transportadas e dar entrada de forma mais segura" nos serviços dos hospitais de referência.
"Era importante que qualquer pessoa que tenha essa suspeita, antes de seguir pelo próprio pé a qualquer serviço de saúde, contacte o serviço de Saúde 24", frisou.
A diretora clínica do S. João disse ainda que o pessoal hospitalar que atendeu o doente com sintomas suspeitos de Ébola "está identificado", mas não está sob "vigilância ativa", uma vez que ainda não foi confirmada a suspeita.
"Até aí está tudo tranquilo, as pessoas sabem que isso pode ocorrer", acrescentou, referindo que os resultados das análises deverão ser conhecidos "nas próximas horas".
O Hospital de São João, no Porto, anunciou no domingo, em comunicado, que deu entrada de noite naquela unidade hospitalar "um doente com critérios de caso suspeito de Doença por Vírus Ébola (DVE)".
Segundo o comunicado, "o doente encontra-se clinicamente estável e ficou internado".
A nota acrescenta que estão a ser processadas amostras para diagnóstico de DVE, e que o hospital irá prestar novas informações quando for obtido o resultado.
Em Portugal, é no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, em Lisboa, que são realizadas as análises ao vírus do Ébola, assim como a outros agentes com a mesma perigosidade.
O número de mortos devido ao surto epidémico de Ébola surgido na África Ocidental no final do ano passado ultrapassou os 4000, segundo o mais recente balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com um relatório da OMS, datado da passada sexta-feira, estão confirmados 8399 casos de provável contágio pelo Ébola em sete países (Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos), dos quais resultaram 4033 mortes.
Os sete países afetados foram divididos em dois grupos pela OMS, sendo o primeiro constituído pela Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa -- os três países mais atingidos -- e o segundo pela Nigéria, o Senegal, a Espanha e os Estados Unidos.
No primeiro grupo, a Libéria, o país mais afetado pela epidemia, registou 4.076 casos, dos quais 2.316 resultaram em mortes.
Os profissionais de saúde continuam a ser o grupo populacional mais afetado pela doença, sobretudo nos países mais atingidos, com 416 casos, de que resultaram 233 mortes.