O doente José Carlos Saldanha, que interrompeu os trabalhos da comissão parlamentar de audição ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, na quarta-feira, revelou esta quinta-feira que o tratamento à hepatite C lhe vai ser administrado.
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"O milagre deu-se. Tenho informação oficial de que o tratamento foi disponibilizado pelo Infarmed", disse José Carlos Saldanha, no Jornal das Oito, da TVI.
José Carlos Saldanha afirmou que teve a "notícia há muito pouco", e declarou que está convencido de que "o tratamento vai ser disponibilizado no início da próxima semana ou mesmo amanhã".
"A emoção é enorme. Estou muito grato e continuo com o sentimento estranho que tem a ver com os que já não estão para partilhar esta alegria", sublinhou, acrescentando que vai prosseguir "com o tratamento e lutar por aqueles que não têm".
Na manhã de quarta-feira, na Comissão de Saúde, José Carlos Saldanha, acompanhado de David Gomes, filho da doente que faleceu na sexta-feira por alegadamente não lhe ter sido administrado um medicamento inovador, interrompeu a audição ao ministro da Saúde.
"Eu não quero morrer", disse José Carlos Saldanha.
O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Eurico Castro Alves, garantiu que os hospitais portugueses começaram a pedir os 100 tratamentos gratuitos para a Hepatite C, oferecidos pela farmacêutica Gilead, na quarta-feira.
Eurico Castro Alves, em entrevista ao telejornal da RTP, adiantou que os tratamentos oferecidos por esta farmacêutica começaram esta quinta-feira a ser pedidos pelos hospitais, depois de o Infarmed ter "demorado alguns dias" a definir "critérios muito rigorosos", para "garantir que todos os doentes tivessem acesso por igual, justo e equitativo", aos tratamentos.
"Definido esse critério, os hospitais começaram a pedir os tratamentos à Gilead e creio que alguns já terão sido entregues, os 100 gratuitos", declarou.
A farmacêutica Gilead, detentora do medicamento inovador para a hepatite C, disse, na quarta-feira, que a doente que morreu recentemente vítima da doença podia ter tido acesso ao fármaco sem qualquer custo para o Estado.
A farmacêutica disse que o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental enviou à Gilead, a 4 de novembro do ano passado, pedido de acesso ao medicamento sem custos, embora sem enquadramento legal para o fornecimento naquelas condições.
A Gilead garantiu que nunca recebeu nota de encomenda do fármaco, mas que o disponibilizou para a doente.