Inseparáveis, Maria da Conceição e Vasco estavam sempre juntos. Eram companheiros de vida e de viagem. Mais do que isso: por ser um homem com deficiências, dependia inteiramente da mãe, uma vez que ficou sem pai quando era criança.
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Com a morte de Maria da Conceição Oliveira, que vivia em Paranhos, no Porto, Vasco poderá ter de ficar com familiares em Lisboa, segundo informou, ao JN, o presidente da junta onde reside. Mas o seu destino está por decidir. "Ele não sobrevive sozinho", garantiu Lia do Céu Guerra, de 83 anos, vizinha e amiga da vítima, que tinha 71 anos.
Lia lembrou, ao JN, que Vasco tem algo de "criança mimada e, ao mesmo tempo, de um homem" de 44 anos. Por ter limitações psíquicas e físicas, "dependia inteiramente da mãe". E, no Porto, não tem mais família. Só em Lisboa e "talvez em Chaves", explicou a amiga que, por sua vez, é de Bragança. Lia, também viúva e a viver com a filha a uma rua de distância da casa de Conceição, revisitou o álbum de fotos e recordou as duas viagens que fizeram com o Vasco a Palma de Maiorca.
Lia diz que nunca pensou participar neste cruzeiro, até porque já tinha ido a Marrocos e esteve este Verão numas termas em Amares. Além disso, passou a segunda quinzena de Agosto com Conceição na praia de Salgueiros, em Gaia. "Era um pessoa impecável, sempre pronta a ajudar os outros e metida em 1001 actividades", recordou. E Vasco era muito amigo e visita de casa.
Junta vai analisar situação
Na véspera da viagem, Lia recorda que a amiga se despediu "muito entusiasmada". Esteve em sua casa até perto da meia noite. Vasco passou dias a contar aos quatro ventos que ia participar no cruzeiro. "Era o sonho da vida dele", lembrou Lia. Agora, desconfia que Vasco poderá ficar em Lisboa. Com a filha Maria do Céu, acompanhou os noticiários e viu que as amigas que viajaram com Conceição estavam hospitalizadas na capital.
Alberto Machado, presidente da Junta de Paranhos, conhece a família da Rua de Augusto Lessa. E revelou que vai hoje pedir à assistente social para analisar o caso. Se não ficar com familiares em Lisboa, Vasco poderá ter de ser encaminhado para uma instituição.