Ser engraxador ou cauteleiro pode representar uma profissão de futuro. Apesar de estarem quase em extinção, a Santa Casa da Misericórdia promete requalificar estas actividades, dando um meio de vida e integração social aos mais carenciados.
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"Há uma série de actividades que podem ser valorizadas, qualificando as pessoas para exercer essas funções. Há algumas profissões tradicionais que foram caindo em desuso, mas que continuam a ser muito importantes", defende em entrevista à agência Lusa o vice provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), António Santos Luiz.
A ideia não é forçar a manutenção de actividades irrelevantes, garante: "Pretendemos tentar que actividades profissionais relevantes que caíram em desuso sejam valorizadas, requalificadas, para serem usadas pelas pessoas".
Os melhores exemplos são os engraxadores e os vendedores de cautelas, profissões actualmente "quase marginais e desenvolvidas por pessoas que têm vindo a ser sucessivamente negligenciadas, perdendo assim relevância social".
"Por vezes as pessoas não as utilizam porque não têm ao pé ninguém que lhes preste esse serviço. Mas são actividades dignas e que podem permitir dar a alguém um meio de vida e de integração", refere Santos Luiz, adiantando que este projecto será uma aposta da Santa Casa já no segundo semestre do ano.
Outra vertente a desenvolver no âmbito do apoio social é a formação com vista à integração no mercado de trabalho.
Além dos projectos de empreendedorismo com recurso ao microcrédito, a Santa Casa defende que em muitos casos basta apenas formação adequada e fornecimento de instrumentos ou bens que permitam desenvolver profissões dignas.
"No caso dos canalizadores e das pequenas reparações domésticas, por vezes, o que precisam é de material e não de um grande investimento para exercer a sua actividade", exemplificou o responsável da SCML.
Ainda na área do empreendedorismo social, a Santa Casa vai lançar este ano um prémio para incentivar projectos inovadores de resolução de problemas sociais e que criem postos de trabalho.
O prémio, a atribuir em 2011, terá um valor pecuniário ainda não fixado, mas que permita lançar o projecto vencedor e torná-lo "real e sustentável".