Um português foi detido quando deixava Timor, com a mulher e dos filhos. Está preso sem acusação formal, há cinco meses, a mulher impedida de sair do país e os filhos em Portugal com os avós.
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O procurador-geral timorense, José Ximenes, disse, esta quarta-feira, à Lusa que Tiago Guerra, detido preventivamente desde outubro em Díli, é suspeito do crime de branqueamento de capitais, apesar de ainda não ter sido formalmente acusado.
Foi detido, há cinco meses, quando deixava o país, acompanhado da mulher e dos dois filhos. As crianças, acabaram por regressar a Portugal, onde vivem, com os avós maternos. A mulher está impedida de sair do país e Tiago Guerra, ex-administrador da PT, está detido sem acusação formal.
"É suspeito do crime de branqueamento de capitais. Estamos a investigar a origem dos crimes", disse José Ximenes, à margem da cerimónia de tomada de posse do diretor-geral e da diretora nacional de Finanças e Orçamento da Procuradoria-Geral.
José Ximenes explicou que, "no caso do arguido Guerra", estão em causa "factos que aconteceram em vários países".
Por isso, e escusando-se a revelar pormenores adicionais sobre o caso, explicou que já foram enviadas cartas rogatórias com pedidos de informação para Portugal e para Macau.
"Mandámos as cartas rogatórias para saber algumas informações adicionais", afirmou, sem precisar quando será formulada a acusação contra o cidadão português.
O procurador-geral falava à Lusa depois de a família de Tiago Guerra ter iniciado nas redes sociais uma campanha de sensibilização para o caso, na qual pede também que sejam enviadas cartas às autoridades timorenses.
Tiago Guerra foi detido em Díli, juntamente com a mulher, no passado dia 18 de outubro. Está atualmente em prisão preventiva na cadeia de Becora, em Díli, e a mulher, Fonf Fong Chan, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.
Inês Lau, irmã de Tiago Guerra e atualmente a residir no Brasil, é um dos familiares envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, e para o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
Na carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção do seu irmão sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação.
"Até à presente data, o Tiago continua detido em prisão preventiva em Bécora e a sua mulher está com um Termo de Identidade e Residência, impossibilitada de se ausentar do país", escreveu.
"Sabendo que o Tiago, ao fim de cinco meses de detenção, ainda não foi formalmente acusado, nem tão pouco diretamente responsabilizado por qualquer crime por ele cometido, venho manifestar junto de Vossa Excelência a minha profunda preocupação pela situação do Tiago, agravada pelas insuficiências do sistema judicial de Timor-Leste", reforça.
A irmã de Tiago Guerra apela à "intervenção pessoal" do chefe do Governo timorense para "a breve resolução desta lamentável situação".
Inês Lau denuncia as condições da prisão onde se encontra o irmão, referindo que este está a partilhar uma cela com outros presos, "em débeis condições de higiene (sem água canalizada, cama ou sequer um colchão)".
"Apesar de se encotnrar detido naquela que é considerada a melhor prisão timorense, sem dúvida que as condições estão longe de ter o padrão que têm as portuguesess", disse ao JN o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, sublinhando que a mulher está em casa de um amigo do casal.
Portugal "está a acompanhar o caso" de Tiago Guerra, sustenta José Cesário. "Eu próprio, a propósito de uma deslocação a Timor, tive oportunidade de falar com várias autoridades locais sobre o assunto", disse.
Tiago Guerra é ex-administrador da PT e é suspeito de ser o testa de ferro de um americano, consultor financeiro na área do petróleo. "Sabemos que foi preso na sequência na detenção do senhor Boby Ajibye, que estará envolvido numa situação idêntica e que está preso nos Estados Unidos", acrescentou José Cesário.