O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, disse esperar que seja sincero o desejo de Ali Agca de se converter ao catolicismo.
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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse que é "bem-vindo" ao catolicismo o turco que tentou assassinar o papa João Paulo II, escusando-se a comentar a decisão de Ali Agca de tentar obter nacionalidade portuguesa.
Em entrevista ao jornal "La Repubblica", o turco Ali Agca, que tentou assassinar o papa na Praça de São Pedro, em Roma, em 1981, anunciou esta semana ter iniciado o processo para obter a nacionalidade portuguesa.
Questionado pela agência Lusa, à margem do Simpósio "Reinventar a Solidariedade", que decorre hoje no Centro de Congressos de Lisboa, D. Jorge Ortiga disse ser "uma questão que está para além de qualquer opinião que possa emitir".
"Não tenho grandes comentários a fazer. Uma vez que manifesta esse desejo é uma questão pessoal, agora se é possível ou não isso já é algo que me transcende e obviamente entra no sistema jurídico português", concluiu o arcebispo primaz de Braga.
Na entrevista publicada pelo diário italiano, Ali Agca revelou que iniciou o processo para pedir a nacionalidade portuguesa porque o papa Bento XVI "explicou que o atentado (ocorrido a 13 de Maio) constituía o famoso terceiro segredo de Fátima".
O muçulmano deverá sair da prisão dentro de "alguns meses", pretendendo converter-se à religião católica e ser baptizado na Praça de São Pedro, em Roma, para proclamar a sua nova fé "perante os media de todo o mundo".
Quanto ao desejo de conversão ao catolicismo, D. Jorge Ortiga considera que é também uma "questão pessoal" de Ali Agca, adiantando, no entanto, que faz "votos" de que seja uma "conversão sincera".
"A Igreja acolhe mesmo aqueles que são pecadores, aqueles que falharam. Um dos princípios fundamentais da doutrina da Igreja é condenar o erro mas acolher as pessoas", lembrou o arcebispo.
"Por isso, da nossa parte, se ele sentir que se deve converter-se ao catolicismo e desde que os seus desejos sejam de facto sinceros, é sempre bem-vindo e a Igreja, tal como o Papa já o fez, saberá perdoar e sobretudo acolher", garantiu.
Entretanto, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou quinta-feira que não tem qualquer viabilidade legal o pedido de obtenção da nacionalidade portuguesa por parte do turco Ali Agca, que se encontra preso na Turquia.
"Um estrangeiro que não resida legalmente em Portugal e que não conheça a língua portuguesa só pode ter acesso à nacionalidade portuguesa em situações muito excepcionais, quando tenha prestado serviços muito relevantes ao Estado Português ou à comunidade nacional. Manifestamente não é o caso", justificou o titular da pasta da Presidência.