O incêndio de grandes proporções que lavra em três frentes no concelho de Seia configura uma "situação difícil", com as chamas a progredirem em direção a aldeias, disse à agência Lusa o presidente da câmara.
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Segundo o autarca Carlos Filipe Camelo, o fogo, que começou na zona de Carragosela, evoluiu para três frentes e a atual situação é "difícil", não só pela dispersão da frente de fogo, como "pelas próprias acessibilidades e pelo forte vento que se faz sentir".~
Pelas suas contas, as chamas já destruíram "centenas de hectares" de pinhal e mato e também de terrenos agrícolas.
O autarca disse que uma das frentes do incêndio "está a avançar para a zona de Sazes da Beira" em direção às povoações de Furtado e Corgas.
Outra frente está a progredir "em sentido contrário", para a zona de Sandomil, e uma terceira mantém-se nas imediações da localidade de Torroselo.
Carlos Filipe Camelo mostrou-se preocupado com a evolução do fogo, referindo que a frente que segue para a localidade de Corgas coloca casas e pessoas "em perigo iminente".
O vento forte e as más acessibilidades à frente de fogo estão a colocar dificuldades no seu combate, referiu.
As chamas também já queimaram, durante a noite, uma casa desabitada.
Luís Filipe Camelo admitiu que os meios de combate que estão no terreno "são suficientes" para fazer frente ao fogo, embora gostasse de "ter mais meios aéreos", uma vez que só atua um helicóptero.
Na povoação de Torroselo, os habitantes passaram a noite "em claro", a proteger os seus bens, admitindo que apenas ficam descansados quando o fogo estiver totalmente apagado.
"Há 35 anos que não se via por aqui um incêndio como este", disse à agência Lusa o habitante João Custódio, adiantando que não teve prejuízos, mas que "valeram os bombeiros, porque se não fossem eles as casas tinham ido [ardido] todas".
João Custódio disse que "o susto foi grande" e que durante a noite não dormiu, tendo apenas descansado "durante uma hora".
O homem não sossega enquanto o perigo não passar, estando durante a tarde a ver o progredir das chamas na serra sobranceira à aldeia.
Outro habitante, António Duarte, que também vê o evoluir das chamas ao longe, contou que o fogo lhe causou grandes prejuízos.
"Ardeu-me um souto de castanheiros, oliveiras, videiras, pinheiros, eucaliptos e árvores de fruto", declarou.
As chamas também lhe queimaram "uma arrecadação agrícola e lenha que já tinha pronta" para o inverno.
"O prejuízo não é muito pequeno", admitiu António Duarte, que tem passado as últimas horas a "vigiar as casas" de umas pessoas da aldeia que vivem fora.
Segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil as chamas estão a ser combatidas por 253 homens, auxiliados por 54 viaturas e um helicóptero.