Diamantes que podem ser falsos ou uma pregadeira a valer 50 mil euros são situações que se podem tirar a limpo no sábado em Lisboa numa iniciativa chamada "quanto vale o anel da sua avó?".
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A iniciativa, já em quinta edição e como as anteriores é gratuita, permite que cada pessoa veja avaliadas as suas joias (três no máximo) pelo Instituto Gemológico Português (IGP). A avaliação decorre na União de Associações do Comércio e Serviços e o Instituto garante avaliação gratuita a todos os presentes, ainda que tenha de o fazer depois de sábado se lhe faltar o tempo.
O objetivo é permitir que cada um conheça o valor do património que tem, de joias a peças em prata e ouro, numa altura em que "há um crescimento da entrada no mercado português de diamantes falsos e sintéticos ", diz o IGP.
"Como avaliador da Casa da Moeda há cerca de 30 anos e a minha experiência profissional destes últimos oito anos levou-me a tomar consciência de que 90% das pessoas não sabe os valores que tem em casa. (...) E um dia, por necessidade, partilhas ou outro motivo vão a vários 'peritos' e cada um fala de um preço, o que confunde as pessoas", explicou à Agência Lusa o presidente do IGP, José Baptista.
E no sábado, como noutras edições, diz o responsável que vai haver surpresas boas a más. Como já aconteceu a uma mulher que mandou avaliar um conjunto de diamantes oferecidos pelo ex-marido e que afinal eram falsos.
Mas há também a história "do casal humilde que tomava conta de uma quinta" a quem a proprietária ofereceu uma pregadeira que ele guardou com carinho e que valia 50 mil euros, contou José Baptista, frisando a importância de se ouvirem sempre várias opiniões.
A IGP promove o ensino sobre pedras preciosas, com vários cursos (próxima entrega de diplomas a 1 de fevereiro) e muitos jovens interessados num mercado que compreende mais de 5000 ourivesarias, mil indústrias associadas e um volume de vendas superior a 500 milhões de euros (2011).
José Baptista diz ser um ramo com futuro, não se cansa de falar de honestidade e qualidade, lembra a grande tradição da ourivesaria portuguesa e lamenta que muitas "casas tradicionais", ourivesarias que passaram a vender relógios para vencer a crise, estejam a fechar.
Ainda assim sonha com a cooperação com outros países, com a exportação da criatividade dos "bons profissionais" portugueses e com a realização, em Portugal, de uma primeira feira de minerais do mundo.
Num setor "praticamente por explorar", as peças "compradas têm geralmente proveniência estrangeira e não raras vezes são transacionadas peças com pouca qualidade, o que deriva de alguma falta de conhecimento na avaliação efetuada", avisa o IGP, criado em 2008.
José Baptista diz que a ourivesaria de hoje é quase uma "arte maldita" em Portugal, onde uma pessoa compra um quadro por 15 mil euros mas não gasta três mil numa ourivesaria, porque "parece mal". Não precisa de o lembrar mas no passado foram o ouro e a prata, com os seus ourives, que deram o nome a algumas das principais ruas da capital do país.