Os iranianos Nasrin Sotoudeh e Jafar Panahi são os vencedores da edição de 2012 do Prémio Sakharov, anunciou, esta sexta-feira, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Shultz. Tanto a advogada como o realizador estão atualmente detidos, por lutarem pela liberdade de expressão e pelos direitos civis no Irão.
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Nasrin Sotoudeh é advogada e defensora dos direitos humanos e representou ativistas da oposição presos e delinquentes juvenis condenados à pena de morte.
Está detida desde agosto de 2010, na prisão de Evin, norte de Teerão, onde estão vários presos políticos, fez duas greves de fome em protesto pelas condições de detenção e por ter sido proibida de ver os filhos de três e 11 anos.
Tem 47 anos e sobre ela recaem acusações de ter agido "contra a segurança nacional" e ter feito ações de "propaganda contra o regime", duas acusações usadas frequentemente pela justiça iraniana para condenar os opositores. Foi condenada, em janeiro de 2011, a 11 anos de prisão e a 20 de interdição de exercer como advogada.
Jafar Panahi é realizador, argumentista e editor e o primeiro iraniano a receber um prémio no Festival de Cinema de Cannes. Os seus filmes abordam recorrentemente as dificuldades das crianças, dos pobres e das mulheres no Irão.
O cineasta, de 52 anos, foi condenado, em finais de 2010, a seis anos de prisão e 20 de interdição de filmar, viajar ou expressar-se, apesar da mobilização internacional a seu favor.
"É um 'não' muito claro ao regime iraniano"
Os presidentes dos grupos parlamentares do Parlamento Europeu (PE), reunidos à margem da sessão plenária em Estrasburgo, escolheram "por unanimidade" os dois ativistas e opositores iranianos, precisou Martin Schulz.
"São um homem e uma mulher que lutaram pela liberdade de expressão e pelos direitos civis e não se deram por vencidos apesar das intimidações do regime iraniano", sublinhou o presidente do PE.
"Queremos exprimir a nossa admiração por uma mulher e um homem que resistem à intimidação de que são vítimas os iranianos", explicou, por seu lado, um parlamentar social-democrata alemão.
A atribuição deste prémio deve ser interpretada como "um não muito claro ao regime iraniano" que "não respeita quaisquer liberdades fundamentais", acrescentou.
O prémio anualmente atribuído pelo Parlamento Europeu será entregue em Estrasburgo, a 12 de dezembro.
Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoly Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988. Em 2011, a distinção foi atribuída a intervenientes da "primavera árabe".