O presidente do Governo da Madeira disse, esta segunda-feira, que se devem tirar "lições" dos incêndios que têm lavrado na região e considerou que os cidadãos têm "responsabilidade moral" perante a comunidade na limpeza dos terrenos.
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"Temos que tirar lições muito importantes. As pessoas que são responsáveis pela existência de matagal à volta das suas residências ou nalguns dos seus terrenos, essas pessoas têm uma responsabilidade moral perante a coletividade de procederem à limpeza desses terrenos", afirmou Alberto João Jardim.
No concelho de Machico, onde hoje inaugurou seis pavilhões empresariais, cerimónia "para vincar que a vida continua", Alberto João Jardim disse não ser "admissível aquilo que nos últimos anos se tem passado".
O governante referiu existir "disponibilidade dos serviços florestais" para limpar gratuitamente os terrenos, mas indicou que os proprietários não os deixam entrar, "porque um conceito serôdio de propriedade privada e de receio de apropriação pública impede a entrada desses mesmos serviços".
"É inadmissível que em jardins de residências privadas até estivesse lá matagal a crescer. Qualquer dona de casa que se preze limpa o matagal do seu quintal", continuou.
O chefe do executivo insular adiantou que desde que é presidente da região "esta deverá ser a quarta dificuldade grande em termos de desastres".
"Mas, enquanto das outras vezes se trataram de acidentes da natureza, aqui o que é revoltante é tratar-se de terrorismo incendiário", declarou, insistindo: "Aqui já não foi a natureza, aqui foi a mão humana e quem fez isto tem de ser castigado".
Para Alberto João Jardim, "para que isto não se repita, todos, sem exceção, da Ponta do Pargo ao Caniçal, de Santana ao Funchal, têm que colaborar com as autoridades policiais" para se descobrir quem foram os responsáveis.
"Se não o fizermos, nós arriscamos a que amanhã a população seja perturbada por terrorismos semelhantes ou outras formas de terrorismo", notou.
Realçando a inexistência de "vítimas pessoais a lamentar até agora", o governante destacou a "eficácia dos meios" no combate aos fogos, referindo o papel do executivo regional na criação de novas corporações e da sua dotação com equipamentos.
Alberto João Jardim apontou ainda "os acessos que se foram abrindo, inclusivamente em zonas em que os falsos ambientalistas diziam que não se deviam abrir".
No seu entender, se esses acessos e as novas estradas não tivessem sido abertos, as consequências seriam trágicas e ainda haveria muitos fogos.
Assinalando as medidas ao nível da habitação -- que "permitem fazer as respostas quando surgem problemas quando menos se espera" --, o governante sublinhou também o papel dos setores da saúde e da segurança social, para concluir: "É muito injusto vir condenar as pessoas que deram o seu melhor".