João Proença defende que concessão "compromete existência das outras televisões"
O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou esta quarta-feira que o modelo de concessão anunciado na semana passada pelo consultor António Borges "compromete a existência das outras televisões".
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João Proença falava aos jornalistas, à porta da RTP, depois de ter feito uma intervenção no início do plenário dos trabalhadores da televisão e rádio públicas sobre o futuro da empresa, depois de na semana passada António Borges ter anunciado que a concessão do grupo público a privados é uma das alternativas que está em cima da mesa.
João Proença adiantou que a sua presença no plenário, além de manifestar a solidariedade junto de todos os trabalhadores, passa pela "defesa dos postos de trabalho" e pela "defesa de uma rádio e televisão públicas".
A televisão e rádio públicas "coexistem hoje com as privadas num setor cujo futuro está posto em causa".
Isto porque "o modelo anunciado compromete a existência das outras televisões", já que promove "uma situação de privilégio à nova televisão e põe em causa o serviço público".
Na entrevista à TVI, na semana passada, António Borges disse que o novo concessionário da RTP iria receber a taxa do audiovisual que os consumidores pagam na sua fatura mensal da eletricidade, o que representa cerca de 140 milhões de euros.
Para o líder da UGT, este modelo "é anunciado não por razões económicas ou razões sociais, mas única e exclusivamente por razões ideológicas contra o serviço público".
João Proença sublinhou que este modelo "não está acordado com a 'troika'", mas trata-se de "uma questão do Governo e, tal como foi apresentado, viola o próprio programa do Governo".
O que "nos leva a questionar se isto é um puro balão de ensaio para levar à prática privatizar um canal e manter um público".
Questionado sobre o que é que os trabalhadores poderão fazer, João Proença disse que estes "têm primeiro de defender os postos de trabalho" e classificou a maneira como o modelo de concessão foi anunciado como uma situação "criminosa".
"Em todas as privatizações há uma cláusula de salvaguarda que durante um ano não pode haver despedimentos. Nem sequer isso foi atendido", lamentou.
João Proença criticou ainda as declarações de António Borges de que os privados são melhores gestores que os do setor público, classificando-a como, a seu ver, "irresponsável".
O que está em causa, disse, "é a situação de uma rádio e de uma televisão pública".
O líder da central sindical considerou o modelo de concessão, "uma solução [feita] em cima do joelho".
"Não percebemos se é incompetente ou se é um balão de ensaio para outras soluções", afirmou, reiterando que a UGT é contra a privatização do grupo RTP.
Neste plenário esteve ainda presente o líder da CGTP, Arménio Carlos, que também fez uma intervenção.
De acordo com fonte da comissão de trabalhadores da RTP, participam no plenário cerca de 400 funcionários do grupo de comunicação social público.