O laboratório que produz o medicamento contra a hepatite C que deu muita polémica em Portugal, avisou as instituições de saúde norte-americanas de que o seu uso pode provocar abrandamento anormal do batimento cardíaco a doentes que estão a ser tratados à arritmia. Um paciente acabou por morrer.
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A notícia foi publicada, este fim de semana, pela imprensa norte-americana. A Gilead Sciences Inc, a farmacêutica que produz o Harvoni e o Sovaldi, os tratamentos inovadores que revolucionaram a luta contra a hepatice C, avisou que nove pacientes desenvolveram ritmos cardíacos inesperadamente baixos durante o tratamento. Um dos doentes teve uma paragem cardíaca e acabou por ser declarado morto. Outros três tiveram que sofrer uma intervenção cirúrgica para lhes ser colocado um "pacemaker".
O aviso refere-se especificamente para os doentes que têm problemas cardíacos e que estão a ser tratados com amiodarona, uma substância usada no tratamento de arritmias cardíacas. O laboratório pediu para que não se combine o Harvoni e o Sovaldi com a amiodarona.
Segundo a agência Bloomberg, seis dos casos ocorreram nas primeiras 24 horas após o tratamento e os restantes aconteceram entre o segundo e 12.º dias.
Os medicamentos Harvoni e Sovaldi têm sido uma galinha dos ovos de ouro para a Gilead e os seus preços têm provocado celeuma em todo o mundo. Apesar de eficaz, o tratamento inovador custa cerca de 48 mil euros por doente. Os problemas agora assumidos podem provocar problemas ao laboratório norte-americano, avisam os média.
Em Portugal, e depois de um protesto emotivo de um doente no Parlamento, o Ministério da Saúde conseguiu negociar com a farmacêutica a redução do custo do tratamento. Os medicamentos são agora comparticipados a 100% pelo Estado.
A venda dos medicamentos gerou, só no último trimestre, perto de 2 mil milhões de euros para a empresa.