A Liga Portuguesa contra a Sida manifestou-se, esta quinta-feira, preocupada com a possível contenção de custos em alguns medicamentos, nomeadamente para tratamento do VIH/Sida, defendida no parecer do Conselho Nacional de Ética e pede que não seja tomada uma decisão "leviana".
Corpo do artigo
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Liga Portuguesa contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva, disse ter ficado preocupada com as notícias de hoje, mas sublinha não ter tido ainda acesso ao documento e preferir, por isso, não fazer comentários sobre o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).
O Conselho considera que existe fundamento ético para que o Serviço Nacional de Saúde promova medidas para conter custos com medicamentos, tentando assegurar uma "justa e equilibrada distribuição dos recursos".
Maria Eugénia Saraiva deu o exemplo de uma doente com VIH/Sida que deu entrada em julho num hospital nacional como doente terminal, alimentada por sonda, sem conseguir falar e para quem a esperança de melhorar ou voltar a falar era "completamente remota".
No entanto, adiantou, dois meses depois, a mesma doente telefonou à irmã o que revela que apesar de ter dado entrada como doente terminal acabou por melhorar.
Na opinião da responsável da Liga, este caso só foi possível muito graças à equipa médica que a acompanhou na sua recuperação e apesar de compreender a atual situação financeira do país, salientou que para a Liga "as pessoas continuam a ser pessoas, continuam a merecer todo o tratamento a que têm direito".
"Lutamos pelo tratamento universal e pela equidade destes tratamentos junto dos doentes com VIH/Sida", sublinhou.
Maria Eugénia Saraiva sublinhou que com este caso não quis fazer uma relação direta com o parecer do CNECV, mas antes mostrar que para a Liga "todos os dias faz sentido continuar mesmo quando se tratam de casos em situação terminal".
A presidente da Liga apontou, por outro lado, que cada caso é um caso e disse ter conhecimento de famílias, em algumas patologias, que preferem que os seus doentes prescindam dos tratamentos.
Em declarações à Lusa, o presidente do Conselho, Miguel Oliveira da Silva sublinhou que o parecer nunca defende nem refere a ideia de cortes nos medicamentos: "Não falamos em cortes, antes pelo contrário. Falamos em dar os melhores medicamentos aos doentes".
O parecer foi elaborado a pedido do Ministério da Saúde e incidiu em três grupos de medicamentos: para o VIH/sida, para os doentes oncológicos e para os doentes com artrite reumatoide.