A limpeza da floresta não é a única nem a principal forma de prevenir incêndios, defende o presidente da Forestis - Associação Florestal de Portugal. Para Carvalho Guerra, sensibilizar a população para a riqueza gerada pela floresta - que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), 12% das exportações e emprega 250 mil pessoas - é a melhor via para evitar comportamentos negligentes ou criminosos.
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A mobilização cívica dos beneficiários de apoios sociais para a limpeza e vigilâncias das manchas florestais - defendida por vários especialistas e por Miguel Cadilhe no livro "Sobrepeso do Estado em Portugal" - não é uma medida consensual. Para o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Florestais, "a limpeza de florestas não pode ser um castigo" e deve ser assegurada por "profissionais devidamente qualificados". Além de que deslocar os desempregados, maioritariamente concentrados nos centros urbanos, para as zonas rurais implica elevados custos, frisa Luís Calaim.
Carvalho Guerra apoia o reforço dos meios de vigilância com civis e militares, mas põe a tónica na sensibilização da população e dos jovens para a importância económica, social e ecológica da floresta. O responsável da Forestis defende, ainda, a diversificação das espécies, colocando as mais resistentes ao fogo à volta das que queimam mais facilmente, e aplicação de penas mais pesadas acompanhadas de outras medidas, como obrigar os incendiários a combater fogos.
Luís Calaim considera fundamental reunir as várias leis dispersas sobre florestas e definir novas metas regionais de ordenamento florestal para evitar que "cada pessoa planta o que quer".