Marinha recomenda uso de coletes, mas pescadores dizem que não são funcionais
O presidente da associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas, diz que os coletes salva-vidas são "completamente inoperacionais" para o trabalho dos pescadores. A Marinha recomenda e incentiva o uso desta protecção, que pode salvar vidas.
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A Marinha alertou hoje, quarta-feira, os pescadores para a necessidade de seguirem rigorosamente as regras de segurança no mar e usarem equipamentos de salvamento, nomeadamente coletes salva-vidas, no dia em que ocorreram mais dois naufrágios.
"Pura e simplesmente, não se consegue trabalhar com eles vestidos e, por isso, ninguém os usa", respondeu José Festas, presidente da associação Pró-maior Segurança dos Homens do Mar.
Segundo Vítor Martins dos Santos, os pescadores queixam-se que os coletes "lhes retiram mobilidade" e, por isso, "normalmente não os usam". Até porque a lei apenas obriga os pescadores a levarem os coletes nos barcos, ficando a sua utilização ou não "ao critério de cada um".
Fonte da Marinha salientou que todos os naufrágios mais recentes foram "caracterizados pela não existência de transmissão de alertas de socorro pelas embarcações sinistradas e em que não foram utilizados os equipamentos de salvamento individuais e colectivos".
Desde o início do ano, as autoridades contabilizaram seis casos de naufrágios de "pequenas embarcações junto à costa portuguesa, de que resultaram cinco mortos e oito desaparecidos", afirmou o porta-voz do Estado-maior da Armada, comandante João Barbosa.
"Na nossa análise, estes incidentes devem-se a um elevado risco que os pescadores correm, sobretudo em condições meteorológicas adversas", explicou o porta-voz da Armada.
Para trabalharem, os pescadores "têm de sair para o mar e operam depois em condições marginais, sem respeitarem as mais elementares regras de segurança, nem os meios de salvamento individuais ou colectivos".
Segundo a mesma fonte, estes acidentes acontecem normalmente em "pequenas embarcações, que navegam ao longo da costa, muitas vezes com sobrelotação de carga, e basta um golpe de mar para virar a embarcação num curto espaço de tempo".
"É muito importante apostar na prevenção, nomeadamente com o uso de colectas salva-vidas e de protecção térmica", alertou.
A associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar considera com as recomendações de segurança e já apresentou uma candidatura ao programa "Promar", para dotar 4500 pescadores de fatos flutuantes e equipar 400 embarcações com equipamentos de salvamento, comunicações e ajuda à navegação, desde VHF até GPS, rádio-balizas e balsas salva-vidas.
O projecto está orçado em 4 milhões de euros e será financiado com 3,6 milhões, cabendo aos pescadores dividir entre si os restantes 400 mil euros.
"Estes equipamentos garantem uma segurança muito maior na faina, em caso de acidente. Com os fatos, muito práticos e maleáveis, ao passo que o outro equipamento permite saber imediatamente a sua localização e, assim, agilizar os meios de socorro. São muitas mortes que se poderão evitar", disse José Festa.