Já lá vão 10 anos desde que o último Papa visitou Portugal. Adoentado, João Paulo II rezava pela última vez no santuário de Fátima, e aos milhares de peregrinos revelava a terceira parte do segredo de Fátima. Afinal, o sofredor "homem vestido de branco" que os pastorinhos viram numa das visões era ele próprio.
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João Paulo II, "o peregrino de Fátima" como era conhecido, ficará para sempre ligado à mensagem que Nossa Senhora deixou a três crianças, em 1917.
Também muito devoto de Nossa Senhora e com um conhecimento profundo da mensagem de Fátima, Joseph Ratzinger regressa a Portugal, desta vez na qualidade de Papa Bento XVI. Uma visita que "há muito queria fazer", assegura o cardeal Patriarca de Lisboa, e acabaria por se proporcionar agora, numa ocasião em que a Igreja está debaixo de fogo.
Os abusos sexuais cometidos por elementos do claro é tema actual e poderá levar Bento XVI a abordar novamente o assunto. Já o fez em Roma, há poucos dias, e poderá fazê-lo também durante a viagem apostólica que está a realizar a Malta, o país europeu mais católico (ver página 34).
Em Portugal, garantem os bispos, "não há conhecimentos de casos concretos". Contudo, o Papa poderá aproveitar o encontro que manterá com o clero português, a 12 de Maio, em Fátima, para o fazer. "Se se justificar ele fala como fez nos Estados Unidos e na Austrália. Se não se justificar, porventura falará da santidade e do exemplo moral que os padres devem dar", disse D. António Marto, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Para D. Carlos Azevedo, a mensagem do Santo Padre "passará pela esperança, dar uma energia nova, um dinamismo novo não só para a Igreja como também para a própria Europa e para o país". O coordenador geral da visita acredita que Bento XVI aproveitará Fátima, "o altar do mundo", para "dirigir aquilo que é um certo plano que tem correspondido a visitar lugares onde especialmente Deus possa dizer alguma coisa à Europa e ao Mundo".