O ex-diretor de informação da RTP acusa o jornal diário de "condicionar processos em curso influenciando quem decide e lançando a barafunda na opinião pública" por "revelar mensagens privadas e apresentadas fora do contexto".
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Nuno Santos colocou, esta tarde de terça-feira, na sua página de facebook um texto com o título "No sítio do costume", onde coloca em causa o tratamento dado pelo jornal "Correio da Manhã" ao caso das imagens da RTP, em particular à divulgação das mensagens por si enviadas a Luís Castro, ex-subdiretor de informação do canal público.
Quanto à sua versão dos factos, Nuno Santos vinca que irá dá-la na "Assembleia da República, a Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas e a Entidade Reguladora para a Comunicação".
No mesmo texto, o ex-diretor de informação da RTP realça que o jornal "neste caso colocou os interesses económicos do Grupo a que pertence acima do resto como, talvez, se venha a constatar num futuro não muito distante".
Leia na íntegra o texto de Nuno Santos:
"Se dúvidas existissem, o alinhamento editorial do Correio da Manhã no caso das imagens da RTP deixa-nos esclarecidos. A chamada de capa de hoje, a quarta onde sou visado, revela mensagens privadas, apresentadas fora do contexto e propositadamente truncadas. É matéria para resolver em sede própria, ou seja, nos tribunais.
O CM segue a estratégia tantas vezes aplicada: largar a conta gotas elementos que visam condicionar processos em curso influenciando quem decide e lançando a barafunda na opinião pública.
Há, pois, neste caso em concreto, um abismo entre o Correio da Manhã e a verdade. Um jornal que toma partido e alinha em campanhas que visam o bom nome dos cidadãos e o seu carácter é apenas um instrumento de interesses económicos e não merece que lhe atribuam credibilidade enquanto produto informativo.
Importa dizer que nada do que está a suceder é obra do acaso e disso terei ocasião de falar nos próximos dias em fóruns tão distintos como a Assembleia da Republica, a Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas e a Entidade Reguladora para a Comunicação. Nesses fóruns, abertos num caso fechados nos outros, mas todos com especiais deveres de isenção, explicarei sem rodeios aquilo a que estamos a assistir.
Durante o período em que exerci funções directivas procurei sempre evitar a desvalorização da empresa, a menorização dos seus activos e o aviltamento da História da RTP.
Internamente fui muitas vezes uma voz isolada num tempo tempo de dificuldades e ameaças.
Tudo isto é uma tristeza mas o país parece ter batido no fundo. O Correio da Manhã é um jornal tecnicamente bem feito e com muitos jornalistas respeitáveis e probos. Neste caso, no entanto, colocou os interesses económicos do Grupo a que pertence acima do resto como, talvez, se venha a constatar num futuro não muito distante."