Operário português abandonado à morte pelos colegas na Bélgica é caso "isolado"
O conselheiro para as Comunidades Portuguesas na Bélgica, Pedro Rupio, disse, esta quinta-feira, que o caso do operário abandonado pelos colegas após ter tido um ataque cardíaco numa obra onde trabalhava ilegalmente é "isolado".
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"Felizmente, na comunidade emigrante portuguesa, a situação é bastante boa. Mesmo na construção civil, a maioria trabalha com papéis, legalmente", salientou Rupio, em declarações à Lusa. "É um caso isolado", argumentou, lamentando o ocorrido.
O caso foi recentemente noticiado na imprensa belga e aconteceu em novembro: o emigrante, de 49 anos, desempregado, foi contratado para trabalhar clandestinamente numa obra, no feriado local de 11 de novembro.
O emigrante, que vivia legalmente há 12 anos na Bélgica, sofreu um ataque cardíaco e caiu de um andaime, na obra. Contam os média belgas, que em vez de o socorrerem, os colegas, presumivelmente cumprindo ordens, abandonaram-no num terreno pouco frequentado, a alguns quilómetros de distância.
A recente divulgação dos resultados da autópsia por jornais belgas acrescenta um pormenor mórbido: o português estava ainda vivo quando foi metido numa camioneta e morreu entre 15 minutos e uma hora depois, tendo sido largado já cadáver.
Uma vez encontrado o corpo, uns dias depois, as investigações da polícia levaram as autoridades à obra onde a vítima trabalhou.
Segundo fonte da embaixada portuguesa, o caso chegou aos jornais belgas pelas mãos da companheira do emigrante, que acusa o empreiteiro e o mediador que o contratou, ambos portugueses, de lhe oferecerem 10 mil euros pelo seu silêncio.
A mesma fonte acrescentou que a justiça belga tem já a decorrer um processo-crime por não assistência a pessoa em perigo e ocultação de cadáver e a inspeção do trabalho abriu também um inquérito por trabalho não declarado, infrações à legislação sobre contratação de estrangeiros.
A embaixada pôs o serviço jurídico ao serviço da companheira do emigrante, que esta declinou por já ter contratado um advogado.