As overdoses mataram uma pessoa por hora nos últimos 20 anos, segundo o relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência apresentado esta terça-feira e que aponta os opiáceos como presentes na maioria dos casos.
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De acordo com o documento, em 2009 morreram por overdose 7.600 pessoas e os opiáceos - sobretudo a heroína - estão presentes na maioria dos casos notificados na Europa.
Nos 22 países que forneceram dados relativos a 2008 e 2009, os opiáceos "foram responsáveis pela grande maioria dos casos: mais de 90% em cinco países e entre 80 e 90% noutros 12", refere o documento.
Para além da heroína, as substâncias mais frequentemente referidas são o álcool, as benzodiapezinas, outros opiáceos e, nalguns países, a cocaína.
De acordo com o relatório sobre a "Evolução do Fenómeno da Droga na Europa", os homens são os mais atingidos (81%) pelas mortes por overdose.
"Na Europa, a vítima de overdose fatal típica é um homem entre 35 e 39 anos de idade, com um longo historial de problemas com opiáceos", refere o Observatório, que lembra igualmente que o consumo de droga é uma das principais causas de problemas de saúde e de morte entre os jovens na Europa.
Contudo, o OEDT admite que os números de mortes por overdose possam ser superiores, uma vez que "os dados nacionais podem ser afectados pela subnotificação ou a subverificação das mortes induzidas pela droga".
Numa análise específica sobre a mortalidade relacionada com a droga, publicada em paralelo com o relatório desta terça-feira, o Observatório estima, pela primeira vez, que poderão ser cerca de 10.000 a 20.000 os consumidores problemáticos de opiáceos que morrem por ano na Europa, sobretudo devido a overdoses.
O OEDT indica que as mortes por overdose "podem representar entre um e dois terços da mortalidade global registada entre os consumidores problemáticos de droga".
Chama ainda a atenção para o facto de o número de consumidores mortos por overdose na Europa se manter estável, apesar do aumento da disponibilidade de tratamentos ao longo dos anos, e realça o "grande desafio" que a redução destes óbitos representa para os serviços de apoio aos toxicodependentes.
Em 2009, a mortalidade média por overdose na União Europeia estava estimada em 21 mortes por cada milhão de habitantes com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos, com Portugal a apresentar uma taxa inferior a metade desta, com menos de 10 casos/milhão.
Quanto a 2008 - o ano mais recente em que existem dados disponíveis de quase todos os países - mais de metade das mortes por overdose notificadas referia-se a dois países, Alemanha e Reino Unido, que em conjunto com Espanha e Itália registaram dois terços dos casos notificados (5.075 casos).
No entanto, recorda o OEDT no relatório, "as comparações entre países exigem prudência porque subsistem diferenças quanto à metodologia utilizada e às fontes de dados".
A mortalidade relacionada com o consumo de droga inclui as mortes por overdose, o VIH/Sida, os acidentes rodoviários, em especial quando há uma associação com o álcool, a violência, o suicídio e os problemas associados a doenças crónicas provocadas pelo consumo recorrente.