Pais protestam em Aveiro contra falta de apoio a crianças com necessidades especiais
Dezenas de pais de crianças e jovens com necessidades educativas especiais concentraram-se, esta quinta-feira, frente ao edifício da Segurança Social de Aveiro, protestando contra a suspensão dos apoios à educação dos filhos.
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Empunhando tarjas com dizeres como "Que Governo é este que ajuda a banca e corta no apoio às crianças com deficiência?", "brinquem com os submarinos, mas não brinquem com as crianças", ou "basta de cortes cegos", foram distribuindo panfletos para sensibilizar quem passava para a sua causa.
O protesto, convocado pela Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Educativas Especiais (APACJNAE) e pela Associação nacional de Empresas de Apoio ao Ensino Especial (ANAEE) repetiu protestos similares realizados no Porto e Braga.
Vera Domingues, desempregada e mãe solteira, foi uma das pessoas que se juntou ao protesto, porque pretende que o filho "possa ser alguém na vida" e não tem apoios.
"Já fui à Segurança Social e disseram que não tinham nada em processo do menino. O meu filho tem necessidade de ter terapia da fala e deixou de ir à escola este ano porque não havia maneira de poder entrar para o primeiro ano por esse motivo", explicou.
A criança era acompanhada na terapia da fala e deixou de ir porque a mãe não tem possibilidades de pagar.
"Disseram-me que tinha que dar 50 euros todos os meses para que o meu filho continuasse a ser acompanhado e eu não tenho esse dinheiro porque sou sozinha e não tenho trabalho e só recebo 150 euros de abono de duas crianças", disse.
Joaquim Matos, técnico de linguagem a trabalhar em Esmoriz foi outro dos que marcou presença frente à Segurança Social, em Aveiro, em protesto pela falta de apoio.
"Deparamo-nos neste momento com um corte abismal nos apoios aos utentes, que desde setembro até agora não têm estado a ser pagos e não dão explicações do que se está a passar", afirmou.
Para Joaquim Matos a situação é grave porque "as crianças estão a ter um aproveitamento deficitário nas escolas, devido à falta de apoio dos psicólogos e dos terapeutas da fala" e pelo menos 1500 alunos estão sem apoio.
Fernando Menezes, da ANAEAE, diz que foi criado "um imbróglio que ninguém percebe", com um protocolo com a Segurança Social pelo meio, cujo resultado é "não estar a ser pago o apoio que era dado a crianças que estavam a ser acompanhadas nas suas necessidades educativas especiais, confirmadas por atestado" médico.
"Criaram um problema e a Segurança Social não dá resposta de deferimento ou indeferimento. É por isso que estamos a fazer estas manifestações por todo o país como fizemos anteontem na Alfândega do Porto, ontem em Braga e hoje em Aveiro", justificou.