O Papa Francisco chegou, este sábado, à Jordânia, a primeira etapa da sua viagem ao Médio Oriente, que o levará também a Belém (Cisjordânia) e Jerusalém (Israel), para relançar o diálogo inter-religioso e tentar ultrapassar um conflito regional que continua a agravar-se.
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Para o chefe da Igreja católica, o diálogo inter-religioso pode aproximar campos políticos irreconciliáveis e mostrar que a religião não é um fator de ódio.
Em Amã, Francisco vai presidir a uma missa no estádio da capital e encontrar-se com 600 deficientes e refugiados, muitos oriundos da Síria, depois de ser recebido pelo rei Abdullah II. Está também prevista uma cerimónia no rio Jordão, onde Jesus Cristo terá sido batizado.
Depois da Jordânia, o Papa segue para Belém (Cisjordânia), de helicóptero e sem passar por Israel, ao contrário do que está estabelecido no protocolo diplomático.
"Esta vai ser uma viagem estritamente religiosa, primeiro para um encontro com (o patriarca de Constantinopla) Bartolomeu: Pedro e André vão encontrar-se uma vez mais, e isso é muito bom", afirmou Francisco, no final da audiência geral da passada quarta-feira, numa referência aos dois apóstolos de Jesus, que representam respetivamente a Igreja de Ocidente e a Igreja de Oriente.
A ausência de uma solução política entre palestinianos e israelitas, a guerra na Síria e milhões de refugiados nos países vizinhos, as tensões e violências no Iraque e Egito compõem o pano de fundo em que decorre a visita de Jorge Bergoglio.
Perto de três mil elementos das forças de segurança palestinianas foram mobilizados para a visita do Papa Francisco, no domingo, a Belém, na Cisjordânia, indicou o porta-voz da guarda presidencial, Ghassan Nimr.
O dispositivo integra "três círculos de segurança sucessivos, sendo o último composto por atiradores de elite" nos telhados, acrescentou. Serão mobilizados 700 elementos da Segurança nacional palestiniana, 700 da polícia, além de agentes à paisana e dos serviços de informações, que estarão colocados ao longo do percurso, disse.
O "número dois" do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, considerou, este sábado, que a peregrinação do papa à Terra Santa também pode ser política e defendeu o direito dos palestinianos a uma pátria "soberana e independente".
"Sabemos que o Papa visita uma terra particularmente sofredora (...) espero que [a visita] ajude políticos e pessoas de bem a tomar decisões corajosas no caminho da paz", disse à televisão do Vaticano, antes da visita papal à Terra Santa.
Numa entrevista ao Centro de Televisão do Vaticano (CTV), Parolin referiu também uma lista de "pontos" nos quais Francisco poderá insistir durante a visita.
Para o cardeal, o Papa Francisco deverá afirmar o direito de Israel "a existir e a ter paz e segurança no interior das fronteiras, internacionalmente reconhecidas", mas também o do povo palestiniano "de ter uma pátria soberana e independente".
O Papa deverá ainda apelar para o reconhecimento "do carácter sagrado e universal" da cidade de Jerusalém e do seu "património cultural e religioso", que a transformam num "local de peregrinação para os fiéis das três religiões monoteístas", disse.
O Vaticano reconheceu os territórios palestinianos como o "Estado da Palestina" em 2012.