Maria (39 anos) separou-se do marido (Joaquim, 41 anos), nomes fictícios, há um ano. Estiveram casados mais de 15 e nem sempre as coisas correram bem. O ex-casal tem 2 filhos: Daniel com 14 anos e Joana de 9. Maria saiu de casa após ter sido violentamente agredida pelo marido.
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Nesse dia decidiu que não mais aguentaria as agressões, as humilhações constantes e o controlo do parceiro. Foi, com os filhos, morar para casa dos pais em busca de tranquilidade e segurança. A separação, contudo, não trouxe a tão desejada harmonia e sossego.
Nas primeiras semanas depois de sair de casa, Joaquim ligava-lhe incessantemente, fazendo-lhe "juras de amor eterno", pedia perdão e tentava a reconciliação. Maria manteve a decisão que tinha tomado e não tardou a que as "declarações românticas" se transformassem num controlo permanente de todos os seus passos e até mesmo em ameaças. Para além dos telefonemas, Maria começou a aperceber-se que "para onde quer que fosse, ele estava lá a fazer-me sombra".
Actualmente, continua a aguardar uma decisão relativamente ao processo de divórcio e a tentar não se cruzar com o ex-companheiro. Mudou o caminho que costumava fazer de casa para o trabalho. Alterou os horários e permanece em casa a maior tempo possível. Evita encontrar-se com amigas porque tem receio que o antigo companheiro a encontre e comece "a dizer mentiras" sobre ela. Até o telemóvel está quase sempre desligado só para não ter que ver as dezenas de vezes que ele lhe 'dá toques' e lhe manda mensagens.
"Ele recusa-se a assinar os papéis do divórcio", diz Maria, com esperança de que, com o divórcio devidamente oficializado, a perseguição termine. Os filhos têm visitas semanais com o pai que, quando os vai buscar ou levar, aproveita sempre para tentar falar com Maria e para chantageá-la. "Vivo cada vez mais sozinha", finaliza.
