O PCP condenou, esta quinta-feira, os "cortes cegos" anunciados para a área da Saúde, considerando que o fim das comparticipações na pílula contraceptiva e de três vacinas representam "um ataque inaceitável no direito à saúde e à emancipação da mulher".
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"O Governo, pela voz do Ministro da Saúde, confirmou ontem [quarta-feira] na Assembleia da República uma estratégia política há muito denunciada pelo PCP: a saúde deixa de ser um direito e uma prioridade e passa a ser tratada como uma área de negócio, em que o acesso aos cuidados de saúde passa a ser um privilégio dos portugueses que têm dinheiro", acusam os comunistas em comunicado.
Na nota, o PCP destaca os "cortes cegos" anunciados nas comparticipações do Estado na pílula contraceptiva e de três vacinas que integram o plano nacional de vacinação, considerando que tais medidas "confirmam a natureza desumana e ideológica do actual rumo" de governação, que irá trazer a curto e médio prazo "problemas sérios de saúde aos portugueses".
Recusando a ideia de que a pílula e as vacinas passarão a ser distribuídas gratuitamente nos Centros de Saúde, porque "estes não têm condições para uma resposta eficaz", o PCP antecipa resultados "desastrosos" caso as medidas agora anunciadas não sejam travadas.
"Um retrocesso civilizacional nas taxas de uso de contracepção que levará ao aumento do número de gravidezes indesejadas, ao aumento do recurso ao aborto, com custos acrescidos no plano da saúde pública", referem os comunistas.
Da mesma forma, acrescentam, o fim da comparticipação das vacinas inscritas no Plano Nacional de Vacinação não irá levar a qualquer poupança, mas traduzir-se-á a médio longo prazo "a custos acrescidos com tratamentos e internamentos por falta de cuidados primários, sobretudo das populações mais carenciadas".
No comunicado, o PCP renova ainda as críticas "às manobras em curso no sentido de fragilizar ainda mais o Serviço Nacional de Saúde e transmitir dele uma imagem de incapacidade e desumanização que provoque o descontentamento de milhões de utentes", "empurrando-os" para o privado.
"A defesa do SNS, universal, geral e gratuito é um imperativo nacional", sublinha o PCP.