A saída de cena de Bento XVI foi lamentada pelos principais líderes políticos mundiais que elogiaram o seu trabalho e a capacidade na liderança da Igreja Católica.
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Obama, Merkel, Monti ou David Cameron foram alguns dos nomes que saudaram Bento XVI, que anunciou a sua resignação no dia 11 de fevereiro, uma decisão sem precedentes na história moderna da Igreja.
O presidente norte-americano, Barack Obama, deixou "agradecimentos" e "orações" ao papa: "Apreciei o trabalho que fizemos juntos nestes quatro últimos anos" e "da parte dos americanos em todo o mundo, da Michelle [Obama, primeira-dama] e de mim próprio, queremos enviar os nossos agradecimentos e orações a Sua Santidade o Papa Bento XVI".
Já o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, recordou o "espírito de reconciliação que animou" a reflexão e a ação de Bento XVI, com "o seu apoio incansável à defesa dos valores ecuménicos, como a paz e a importância dada aos direitos humanos".
Também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou o trabalho de Bento XVI, mostrando "grande respeito pelo papa e pelo seu trabalho em nome do diálogo inter-religioso e de outros desafios globais", esperando que o seu sucessor assegure a continuação do seu "legado" na construção de "mais diálogo e de mais tolerância".
Alemã como Ratzinger, a chanceler Angela Merkel, exprimiu "o maior respeito" pela decisão de Bento XVI, que "é e fica como um dos maiores pensadores religiosos do nosso tempo", acrescentou.
Em França, o presidente, François Hollande, limitou-se a dizer que esta é "uma decisão que reflete uma vontade que tem de ser respeitada", recusando fazer mais comentários sobre uma "decisão que pertence à Igreja".
O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, foi um dos últimos estadistas recebidos por Bento XVI de quem destacou a "personalidade" e a "inteligência superior", num discurso em que se afirmou, enquanto católico, "muito comovido" com esta decisão.
Natural de um país onde os católicos são uma minoria, o primeiro-ministro inglês, David Cameron, considerou que Bento XVI "irá fazer falta como líder espiritual a milhões de pessoas", dirigindo os "melhores votos" para o seu futuro e recordando que o papa "trabalhou incansavelmente para fortalecer as relações do Reino Unido com a Santa Sé".
Da parte do Conselho da União Europeia, o seu presidente, Herman van Rompuy, preferiu destacar a originalidade da decisão, "tendo em conta que não está em linha com a tradição. O seu pontificado foi curto mas muito difícil".
A decisão de Bento XVI foi também comentada em países como Israel, que destacou o trabalho de diálogo com outras religiões e a decisão do até agora líder da Igreja Católica de exonerar formalmente o povo judeu da responsabilização pela morte de Jesus.
"O papa Bento XVI tem a profundidade de um grande pensador, a sinceridade de um grande crente, a paixão de um pacificador e a sabedoria de relacionar a mudança na história, sem mudar os seus valores", disse o Presidente israelita, Shimon Peres.
No dia 28, Bento XVI deixa as funções de papa numa decisão que não foi assumida por nenhum dos seus antecessores desde Gregório XII, no século XV (1406-1415).
Durante o mês de março, os 116 cardeais eleitores reúnem-se em conclave para decidir o sucessor de Bento XVI.