"Casas e prédios a arder, pessoas a fugir das habitações e gritos de desespero". A descrição do "cenário dantesco" foi feita ao JN pelo diretor do "Diário de Notícias da Madeira". Um incêndio de grandes proporções lavra, desde as 20.30 horas, na zona do Palheiro Ferreiro, na freguesia de São Gonçalo, concelho do Funchal.
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"Uma frente de vários quilómetros de fogo consume a zona florestal que desce até às Neves, em São Gonçalo", descreveu Ricardo Miguel Oliveira, diretor do "Diário de Notícias da Madeira", ao JN.
Segundo explicou, o secretário dos Assuntos Sociais, Jardim Ramos, garante não haver vítimas para já, mas admitiu que estão a ser evacuadas e realojadas habitantes que viviam na zona.
Vento forte prejudica combate às chamas
O presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, disse que o "vento muito forte" está a prejudicar o combate ao incêndio que deflagrou ao final da tarde no concelho.
"Estamos numa fase de ataque ao fogo, estabelecemos três linhas de corte, estamos a tentar controlá-lo, o que se está a revelar difícil porque o vento está muito forte", declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas numa das frentes do incêndio, na freguesia de São Gonçalo.
O autarca salientou que a prioridade "é salvaguardar a vida das pessoas".
"Estamos a tirar as pessoas das habitações e a tentar que mantenham a calma", afirmou, sublinhando que todos os meios no terreno - desde os bombeiros à polícia e aos funcionários da autarquia - "estão a fazer aquilo que é possível com os meios existentes", disse ainda, realçando que existem outros fogos a decorrer na região, pelo que é necessária coordenação, mesmo ao nível do uso da água.
Sem precisar o número de casas que arderam ou de pessoas que ficaram desalojadas, o presidente do município limitou-se a confirmar a existência destas situações, reiterando que primeiro "está a salvaguarda das pessoas".
O responsável recusou-se a "especular" sobre o que terá estado na origem do incêndio.
Na sequência deste incêndio, a Câmara do Funchal ativou o plano municipal de emergência, tendo ainda disponibilizado o espaço dos Viveiros para os desalojados puderem ficar.
Psicólogos, assistentes sociais e funcionários da autarquia estão a ser solicitados para prestar apoio.
Augusto Correia, de 43 anos, contou que a situação está muito complicada e que faltam meios no local: "O fogo está a alastrar rapidamente. Tenho uma casa aqui e não sei se escapa", declarou, enquanto se ouviam gritos de crianças e adultos: "Fujam"! Fujam!"
Um outro morador recordou as palavras do presidente do Governo Regional da Madeira de que não eram precisos mais bombeiros.
Duarte Martins, 43 anos, acrescentou: "É porque sabe que o fogo não chega à Quinta Vigia" [sede da Presidência do Governo Regional].
Um funcionário da Câmara Municipal do Funchal, que esteve na frente do incêndio e que foi obrigado a sair devido ao "imenso fumo, que se tornou irrespirável", descreveu a situação à Lusa como sendo "um inferno", tendo havido já casas que arderam.