Cerca de 200 docentes aposentados, afetos à Federação Nacional dos Professores, concentraram-se em frente à residência oficial do primeiro-ministro, esta quinta-feira, contra os cortes nas pensões, exigiram a demissão do Governo e entregaram um caderno reivindicativo.
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No documento, exigem a reposição do valor das pensões, a revogação de todas as medidas "que foram impostas" e a revogação da contribuição extraordinária de solidariedade.
Pedem ainda a realização de uma auditoria à Caixa Geral de Aposentações, supervisionada pelo Tribunal de Contas, com o objetivo de saber qual a "situação das contas do Estado".
"Com as medidas que foram tomadas, e que são ainda mais violentas, sobre os aposentados, juntamos duas coisas numa só: protestar contra os novos cortes e, ao mesmo tempo, entregar o caderno reivindicativo dos professores aposentados", explicou Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
"Há coisas que começam a ser demasiado evidentes para que as pessoas possam resignar-se, possam estar de acordo. Olhamos para a Alemanha, que dentro da União Europeia é daqueles que dita regras, que diz que os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades, que diz que a esperança de vida obriga a que as pessoas trabalhem mais anos, que impõe aos portugueses o aumento da idade da reforma, mas lá baixaram a idade da reforma para 63 anos", criticou o sindicalista.
Mário Nogueira aponta este exemplo para dizer que, "em vez de ser um espaço de solidariedade e de apoio, a União Europeia é um espaço de exploração".
O secretário-geral da Fenprof explicou também o porquê do pedido de auditoria à Caixa Geral de Aposentações: "Vai-se dizendo [que] está numa situação quase de insolvência, de falta de sustentabilidade, mas não é de certeza por causa dos professores e dos outros trabalhadores não terem descontado o que deviam, porque descontaram sempre o que tinham de descontar".
"Quem não descontou ao longo de quase todos os anos foram os governos, ou seja, a entidade empregadora 'Estado' que devia descontar para a Caixa Geral de Aposentações, nunca o fez; portanto, se está à beira de uma situação insustentável, como se vai ouvindo dizer, não é de certeza porque quem trabalhou não descontou", sublinhou.
"Estamos aqui para demonstrar que os privilegiados de ontem, começam a ser as vítimas de hoje", afirmou, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, também presente na concentração.
"Há pouco tempo, este era o Governo que dizia que os reformados e os pensionistas da administração pública eram os privilegiados, mas, neste momento, o que nós constatamos é que também esta ofensiva contra as pensões de outros reformados se está a generalizar, veja-se o caso do setor empresarial do Estado com os anunciados cortes nas pensões aos trabalhadores da Carris e do Metro", acrescentou Arménio Carlos.
Após a audiência com responsáveis do gabinete do primeiro-ministro, a quem a Fenprof entregou o caderno reivindicativo, Mário Nogueira acusou o Governo de "insensibilidade no plano social".
"Os responsáveis pelas políticas sociais reconhecem que a situação é difícil, mas dizem que é difícil para todos e questionam como é que se podia imaginar que o país chegaria aqui", adiantou o dirigente da Federação Nacional dos Professores.