Professores de Português lamentam fracos resultados nos exames dos 6.º e 9.º anos
A Associação de Professores de Português lamenta os fracos resultados nas provas do 6.º e 9.º ano, lembrando que tinha alertado para a elevada exigência dos exames, agravada pela dificuldade de ensinar com turmas de 30 alunos.
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Os resultados dos alunos do 9.º ano que realizaram a prova de Português a 20 de junho confirmaram o alerta feito nesse dia pela Associação de Professores de Português (APP): a média nacional no exame foi de 48%, a nota mais baixa de sempre.
"São resultados tristes, mas não nos surpreende, porque quando fizemos o parecer do 9.º ano alertámos para alguns itens que poderiam levar a estes resultados", recordou a presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Antunes Ferreira, que, na altura, apontou para algumas questões que até alguns alunos do 12º ano teriam dificuldade em responder.
A APP considerou a prova do 3.º ciclo trabalhosa e exigente, com questões de "alguma complexidade".
Segundo os professores de Português, na parte B da prova, por exemplo, foi escolhido o poema Mar, de Miguel Torga, considerado "extremamente metafórico" e que implicava "uma grande concentração" por parte dos alunos.
Em relação ao ano passado, a média de resultados dos alunos do 9.º ano desceu seis pontos percentuais, segundo os dados avançados pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC).
Na prova do 6.º ano, a média dos alunos foi positiva (52%), mas também houve uma descida de sete pontos percentuais em relação aos resultados obtidos no ano passado.
No dia da prova, a APP considerou que o exame do 2.º ciclo era equilibrado, objetivo e que cumpria rigorosamente o programa. No entanto, a presidente da associação lembrou as mudanças feitas ao longo do ano pelo MEC e a dificuldade que os professores têm em ensinar língua portuguesa quando as turmas têm 30 alunos.
A presidente da APP considera que ao nível do ensino do Português do 6º ano este foi um "ano conturbado": "Os professores foram confrontados com as metas e depois tinham o programa. E ora seguiam as metas ora seguiam o programa e o exame foi só sobre o programa, não contemplou as metas", lembrou.
Edviges Antunes acredita que "as indefinições e constantes determinações do MEC sobre o que os professores deveriam fazer a nível de cumprimento de metas e programa levou à descida dos resultados".
O que também levou à descida de resultados foi a decisão ministerial de, "há dois anos para cá, as turmas terem 30 alunos. O professor não pode estar a fazer tudo aquilo que queria, porque não pode dar atenção a todos os alunos", criticou.