O número de mortos em Portugal devido ao calor no verão aumentou 30% face ao ano anterior, o que correspondeu a mais 1684 óbitos do que o esperado.
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O "Relatório da onda de calor de 23/06 a 14/07 de 2013 em Portugal Continental", da Direção-Geral da Saúde (DGS), apresenta os resultados do estudo do impacto que a onda de calor, verificada naquele período, teve na saúde da população, designadamente na procura dos serviços de urgência, nas chamadas para a Saúde 24, nos pedidos de ajuda para o Instituto Nacional de emergência Médica (INEM) e na mortalidade.
Segundo o documento da DGS, verificou-se que a onda de calor teve "um impacto apreciável" na saúde da população, tendo todos os indicadores registado subidas, "com especial destaque para a mortalidade", em relação à qual foi estimado um excesso de 1684 óbitos, o que correspondeu a um aumento relativo de 32%.
Este excesso de mortalidade foi mais elevado nas mulheres (45%) em comparação com os homens (21%), e na população acima dos 75 anos de idade.
Abaixo deste limiar de idade, foram observados excessos de mortalidade entre os 45 e os 74 anos, mas "não se revelaram estatisticamente significativos".
Geograficamente, os excessos de mortalidade verificaram-se em todas as regiões do país, com exceção do Algarve, onde o aumento relativo de mortes foi de 10%, sem, no entanto, ser significativo.
As zonas mais afetadas, em termos de impacto na mortalidade, foram o Norte (com um aumento de 41%) e o Centro (com um aumento de 36%).
O pico das mortes ocorreu entre os dias 6 e 11 de julho, tendo este excesso relativo de mortalidade atingido o máximo no dia 8 de julho, correspondendo ao aumento de óbitos de 105%.
Este dia foi antecedido pelos três dias em que a temperatura média máxima nacional atingiu o seu máximo (38ºC).
"Esta onda de calor teve um impacto apreciável na mortalidade, situando-se, quando comparada com as ondas de calor que afetaram Portugal em 1981, 1991 e 2003, no terceiro lugar", atrás da onda de 1981 (excesso de 1900 óbitos) e de 2003 (1953 óbitos a mais), mas ultrapassando a de 1991 (excesso de 1000 óbitos).
A onda de calor levou também a um aumento do número de chamadas para a linha Saúde 24, estimando-se um acréscimo de 46,7%, e a um aumento do total de ocorrências registadas pelo INEM, na ordem dos 27,8%.
Entre as ocorrências mais registas devido ao calor, a DGS destaca as designadas por "alteração do estado de consciência", que teve um aumento de 42,4%, e a "dispneia", cujo acréscimo foi de 24,6%.
O relatório da DGS aponta ainda para um aumento da procura de cuidados médicos nos serviços de urgência, com picos máximos nos dias 1, 8 e 15, sendo o maior o do dia 8.
Em média, registou-se um acréscimo dessa procura de 7,7%, o que se traduziu em diferentes aumentos regionais: 7,5% na região Norte, 9,5% no Centro, 5% em Lisboa e Vale do Tejo, 9,6% no Alentejo e 5,8% no Algarve.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), ocorreu em Portugal continental uma onda de calor entre 22 e 30 de junho, em particular na região Centro, que variou entre sete e nove dias.
No dia 3 de julho iniciou-se uma nova onda de calor que se prolongou até ao dia 13, na região de Trás-os-Montes, e que abrangeu quase todo o território nacional.