A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) lamentou, esta sexta-feira, que o alerta "inédito" dos superintendentes da PSP não tenha sido feito há mais tempo e que não seja assumido pela direcção nacional da corporação.
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O presidente da ASPP/PSP, Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que este documento das figuras máximas da hierarquia da PSP é "inédito" e que traduz "os problemas da instituição e o sentimento dos polícias".
Segundo o presidente do maior sindicato da polícia, os problemas denunciados pelos superintendentes "não são novos" e já se alastram há muito tempo.
Nesse sentido, Paulo Rodrigues lamentou que a carta, enviada ao ministro da Administração Interna, "não tenha sido publicada há mais tempo" e que, dessa forma, pudesse alterar o orçamento deste ano para a Polícia.
"Se esta carta fosse divulgada antes da aprovação do Orçamento de Estado para 2012, o Governo teria outra sensibilidade para analisar a situação" na PSP, sustentou, lamentando igualmente que o documento subscrito por aqueles que ocupam os postos máximos na Polícia também não seja assumido pela direcção nacional.
Paulo Rodrigues sublinhou igualmente que a PSP "está numa situação limite" e que os oficiais superiores "sabem bem do que estão a falar".
Numa carta enviada ao ministro da Administração Interna, os superintendentes da PSP alertaram para a situação "insustentável" na corporação, considerando que o "impasse que se vive há mais de dois anos" na Polícia põe em causa o funcionamento operacional e a "legalidade dos actos praticados".
Na missiva, a que agência Lusa teve acesso, 26 dos 30 elementos mais graduados da PSP consideram que "os factores de instabilidade" que afectam a instituição têm a sua origem em "factores externos" e que "necessitam também de decisões políticas urgentes, que façam justiça à especificidade da função policial".
"O compreensível descontentamento e desmotivação, potenciados pela falta de perspectiva de resolução a curto prazo dos principais problemas da instituição e dos seus profissionais, aproximam-se de níveis insustentáveis, atingindo pessoal de todas as carreiras e começando também a afectar a moral e o normal exercício da função de comando e a colidir com alguns dos principais valores institucionais e deontológicos", lê-se na carta.