O presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, António Vicente, manifestou este sábado estranheza pelo silêncio do ministro da Educação, acusando-o de deixar "ao abandono o ensino superior e a ciência".
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António Vicente disse à agência Lusa que Nuno Crato "tem optado pelo silêncio como a sua principal palavra de diálogo" e sublinhou que "é fundamental que o ministro olhe, de uma vez por todas, para os problemas do ensino superior e da ciência".
O dirigente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), que organizou a manifestação de professores universitários e do politécnico em frente ao Ministério da Educação, na Avenida 5 de outubro, em Lisboa, lembrou que um pedido de reunião com Nuno Crato foi enviado a 14 de junho, assinalando que "a resposta do ministro é o silêncio".
"Nesse mesmo dia, enviámos um pedido de reunião para o Ministério e para a Comissão Parlamentar da Ciência, Educação e Cultura. Vamos ser recebidos a 26 deste mês na Assembleia da República, mas da parte do ministro não temos qualquer resposta ou indicação de quando nos recebe".
Considerando "dramática" a situação que se vive no ensino superior, António Vicente observou que "o financiamento das instituições está ao nível do ano 2000, quando o número de alunos, de docentes e as exigências naturais do país eram inferiores".
O presidente do SNESup aludiu ao estrangulamento das universidades e dos politécnicos com o corte de 8,5% no financiamento estatal às universidades e à cativação de 2,5% na cativação de receitas relacionadas com remunerações certas e permanentes.
Como consequência, o sindicalista avançou que os cortes colocam "em causa instituições", que "podem chegar ao final do ano sem ter condições para assegurar os pagamentos e as despesas".
Crítico também no que se refere à redução das vagas para o ano letivo de 2012/13, que o SNESup diz ter sido decidido pelo Ministério da Educação "sem diálogo", António Vicente notou que o ensino superior está "em rutura", com "instituições a viverem situações graves e a serem obrigadas a dispensar docentes".
Professores universitários e do politécnico concentraram-se este sábado junto ao Ministério da Educação, em Lisboa, para protestar contra medidas legislativas que dizem ameaçar o futuro do Ensino Superior.
Cartazes com mensagens como "Não ao estrangulamento do Ensino Superior", "Pelo Estado de Direito", "No Ensino Superior também há trabalho precário" e "Não a uma política de mão de obra barata", foram exibidos pelos manifestantes.
Numa manifestação organizada pelo SNESup e pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), professores de todo o país manifestaram-se contra a proposta de lei da qualificação, que altera os vínculos e a mobilidade especial, e pela dignificação das carreiras de docentes e de investigação, entre outras medidas do Governo.