O Governo suíço marcou para o final deste ano a apresentação de uma proposta de lei para aplicar as disposições do referendo de domingo para limitar a imigração, segundo um comunicado oficial divulgado esta quarta-feira.
Um plano de aplicação das disposições previstas no referendo, aprovado por 50,3% dos eleitores suíços, vai ser elaborado até ao final de junho e posteriormente apresentado ao parlamento, segundo o comunicado, citado pela agência France Presse.
Berna dispõe de um prazo de três anos para aplicar as disposições aprovadas no referendo, que validou a reintrodução do sistema de quotas e contingentes para a entrada de imigrantes estrangeiros na Suíça.
Paralelamente à elaboração do plano, o governo suíço iniciará negociações com a União Europeia, tendo já encarregado o ministro dos Negócios Estrangeiros de "contactar sem demora as instituições da UE e os seus Estados membros".
Esses contactos devem "permitir não apenas manter a UE e os seus Estados membros informados dos trabalhos em curso na Suíça, como também clarificar os interesses de cada parte com vista à abertura de novas negociações".
A vitória do "sim" no referendo causou preocupação na UE, que tem com a Suíça tratados bilaterais que garantem nomeadamente a livre circulação de pessoas.
Antes da entrada em vigor dos acordos de livre circulação, a Suíça recebia anualmente 20 mil a 30 mil estrangeiros. Com a livre circulação, aplicada progressivamente a partir de 2002, esse número mais que duplicou, atingindo os 80 mil por ano.
O referendo, intitulado "Contra a Imigração em Massa" foi proposto pelo partido de direita populista União Democrática do Centro (UDC).
As autoridades políticas, o patronato e vários partidos políticos suíços manifestaram-se contra a consulta, mas o sistema de democracia direta em vigor no país obriga o Governo a aplicar as disposições decididas pelos eleitores.
