O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou que tem "falhado tudo" para desincentivar os jovens do consumo de álcool e defendeu a realização de uma campanha que envolva a escola, a família e os serviços de saúde.
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Um estudo recente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) sobre o consumo de álcool, tabaco e drogas em meio escolar refere que os jovens portugueses começam a consumir álcool cada vez mais cedo, a beber em maiores quantidades e a embriagarem-se mais vezes.
Segundo o estudo, 37,3% dos alunos com 13 anos já experimentou beber álcool, número que sobe para 90,8% nos jovens com 18 anos.
Por outro lado, os Narcóticos Anónimos afirmam que há cada vez mais jovens a procurá-los para tentarem sair desta dependência.
Em entrevista à Agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde admitiu que tem "falhado tudo" nesta luta: "Falha não haver uma noção concreta por parte das pessoas de que o álcool é uma substância perigosa, em particular nos jovens, não só pelos efeitos imediatos, mas também pelos efeitos a longo prazo".
"Há aqui uma campanha de educação e de informação que temos de fazer e o sinal de proibição de venda de álcool a menores de 18 anos vai nesse sentido", defendeu Fernando Leal da Costa.
"Mas temos de educar as famílias no sentido de compreenderem melhor o malefício do álcool nos jovens, educar os professores, colaborar mais ativamente com as escolas e através dos próprios cuidados de saúde primários iniciar um programa muito ativo na perspetiva do ensino sobre os malefícios do álcool", explicou.
Leal da Costa defendeu a importância das famílias nesta matéria: "têm uma responsabilidade enorme no sentido de tornarem-se como modelos de moderação no consumo de álcool para que os jovens sigam esses bons exemplos e tenhamos uma sociedade com cada vez menos problemas ligados ao álcool".
Outra ferramenta importante é o aumento da idade legal para os 18 anos no consumo e aquisição de bebidas alcoólicas, previsto para este ano.
"Temos neste momento o diploma essencialmente terminado", afirmou, acrescentando que esta legislação visa "impedir a venda de álcool a menores de 18 anos e em simultâneo aplicar uma maior regulação sobre os locais onde pode ser vendido, nomeadamente a partir de determinadas horas (madrugada)".
Esta medida será associada a outras que passam designadamente por um programa que o Ministério da Saúde vai desenvolver com o da Educação para facilitar mais informação aos jovens sobre os riscos do álcool.
Outra vertente passa pelo Ministério da Administração Interna, no sentido de diminuir os valores legalmente permitidos de alcoolemia (0,5 gramas por litro de sangue) nos mais jovens, avançou.
Relativamente às dificuldades de fiscalização para controlar a venda e o consumo de álcool a menores, Leal da Costa adiantou que esse trabalho está a ser feito através de uma comissão interministerial que envolve o Ministério da Economia, a ASAE e as forças policiais.
Contudo, assegurou: "não é por termos maior ou menor dificuldade em fiscalizar que deixamos de avançar com medidas que são importantes" e com "grande impacto em termos de saúde pública".
Esta medida "é um sinal muito significativo de que o Estado reconhece que há um malefício importante no consumo de álcool por menores de 18 anos".