
VINCENZO PINTO/AFP
A Santa Sé afirmou esta quarta-feira que "tomou nota" das observações contidas num relatório do Comité das Nações Unidas para os Direitos das Crianças, que analisou os abusos sexuais contra menores cometidos por membros da Igreja Católica.
"A Santa Sé tomou nota das observações finais" do relatório, considerações que irá analisar "com atenção", garantiu o Vaticano, num comunicado.
Na mesma nota informativa, o Vaticano lamentou "uma tentativa de ingerência no ensinamento da Igreja sobre a dignidade da pessoa e no exercício da liberdade religiosa", numa alusão às críticas do comité sobre as posições da Santa Sé contra o aborto e a contraceção.
As Nações Unidas exigiram, num relatório apresentado esta quarta-feira em Genebra (Suíça), que o Vaticano entregue à Justiça todos os padres que tenham abusado sexualmente de menores ou que sejam suspeitos disso, criticando ainda a atitude de passividade da Santa Sé.
No documento, o comité sublinhou uma "profunda preocupação quanto aos abusos sexuais de crianças por membros da Igreja Católica sob a autoridade da Santa Sé, com religiosos implicados em abusos de dezenas de milhares de crianças no mundo".
"O comité está profundamente preocupado pelo Vaticano não reconhecer a extensão dos crimes cometidos e não tomar as medidas necessárias para tratar de casos de abusos sexuais de crianças e proteger estas crianças, não aplicando políticas e práticas que levam ao julgamento e punição destes abusos", frisou o texto.
Em declarações à Comunicação Social em Genebra, a presidente do Comité das Nações Unidas para os Direitos das Crianças, Kristen Sandberg, afirmou que o Vaticano violou até à data a Convenção sobre os Direitos da Criança em matéria de abusos sexuais.
Quando questionada se as considerações do relatório do comité poderiam significar que o Vaticano viola a Convenção em matéria de abusos sexuais, Kristen Sandberg disse: "A minha resposta simples é que sim, existe uma violação da Convenção até à data porque eles não fizeram tudo aquilo que poderiam ter feito".
O relatório é resultado de uma avaliação realizada em janeiro passado pelo comité da ONU, que envolveu 18 especialistas independentes dos direitos humanos de diversos países.
