Os youtubers portugueses Wuant e Mr. Remedy acusaram, na terça-feira, a plataforma YouTube de remunerar pouco os criadores nacionais. As críticas surgiram em reação ao estudo, noticiado no mesmo dia, da consultora Oxford Economics, que dá conta que o YouTube contribuiu, em 2020, com 50 milhões de euros para a economia portuguesa, contando com cerca de 3.900 postos de trabalho associados à sua atividade.
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"Desses 50 milhões, dois euros foram para os criadores de conteúdo. Dividindo 50 milhões por 3900 pessoas dá 12,820€ ao ano, o que se traduz para 1,068€/mês por pessoa (não criador de conteúdo). O YouTube não investe nos criadores de conteúdo portugueses. Não se iludam", escreveu Wuant, de 26 anos, numa publicação na rede social Twitter. Paulo Borges tem atualmente 3,71 milhões só naquela plataforma e é dos youtubers mais seguidos em Portugal.
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Também no Twitter, Ruben Remédios, mais conhecido como Mister Remedy, questionou a validade do estudo que alega estar "carregado de informações falsas sobre o Youtube em Portugal". "A única coisa clara é que apenas uma pequeníssima parte desses 50 milhões de euros foi para os bolsos de quem dá a cara para que tudo aconteça", afirmou o youtuber, atualmente com 328 mil subscritores.
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Numa "thread" (sequência de "tweets" encadeados), o criador, de 32 anos, rejeita que as visualizações gerem receitas substanciais para os youtubers e outros negócios e contraria uma das conclusões que apontava que "72% dos criadores conseguem exportar conteúdo para audiências internacionais que, de outra forma, não conseguiriam alcançar".
"Sem inquérito algum, posso garantir que os maiores canais portugueses têm uma fatia de público nacional consideravelmente superior à fatia internacional", afirmou.
Segundo o estudo, "57% dos criadores portugueses entrevistados disseram que o YouTube lhes proporciona a oportunidade para criar conteúdo e ganhar dinheiro que não poderiam obter dos media tradicionais".
Para estimar o contributo do YouTube para métricas económicas populares, a Oxford Economics utilizou os resultados de um inquérito anónimo a dois mil utilizadores em Portugal e sondou "500 negócios do sul da Europa e mais de 1.460 criadores de conteúdo sul-europeus, dos quais 180 em Portugal".
Questionada pelo JN sobre, por exemplo, quem foram os 180 criadores nacionais entrevistados, a Oxford Economics informou que o processo decorreu de forma anónima. "Portanto, não podemos dizer quem são as 180 pessoas", justificaram, remetendo mais informações para a página do estudo.
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O JN procurou obter, sem sucesso, uma reação da plataforma de vídeos.