Pelo menos 244 mil lares alemães requereram ao Google que descaracterize as suas casas ou apartamentos no serviço cartográfico electrónico "Streetview", que deverá passar a incluir em breve 20 das maiores cidades alemãs.
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Os requerimentos, que terão de ser examinados um a um, para que as imagens digitais das casas em questão sejam depois descaracterizadas, representam uma enorme dispêndio de tempo e dinheiro para o gigante da internet, sublinharam peritos.
Hoje, em Hamburgo, um porta-voz da empresa norte-americana preferiu destacar que há menos de 3% de lares nas localidades abrangidas da Alemanha que não querem que as suas casas surjam no "Streetview".
A polémica nos últimos meses em torno dos registos fotográficos para lançar o "Streetview" na Alemanha - já disponível para dezenas de países -, e uma sondagem em que 52% dos alemães inquiridos afirmaram não querer ver as suas casas neste serviço, levaram a pensar que o número de recusas fosse bem maior.
Johannes Caspar, responsável da protecção de dados de Hamburgo, a segunda maior metrópole alemã e onde se encontra a sede local da Google, sublinhou que 3%, caso o "Streetview" venha a estender-se a todo o país, representam um milhão de lares.
"O Google está a tentar minimizar os números, mas não se sabe como é que os 32 milhões de lares na Alemanha vão reagir, por agora, os requerimentos foram apenas apresentados por uma massa crítica", advertiu este especialista.
Além disso, as fotografias das 244 mil casas que terão de ser descaracterizadas significam que o "Streetview" alemão terá muitas lacunas, porque basta um inquilino de um prédio exigir a descaracterização, para todo o edifício ter de ser "apagado".
Para atender aos requerimentos e para os separar de cartas com outras perguntas, o Google empregou cerca de 200 pessoas, esforço que, que na opinião de peritos na matéria, constituirá obstáculo de monta para outras empresas mais pequenas lançarem um serviço idêntico ao "Streetview".
A ministra da Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, afirmou que os 244 mil requerimentos "corresponderam às expectativas", já que o governo federal contava com centenas de milhares de objecções à inclusão de lares no "Streetview", até pela "especial sensibilidade" sobre questões de protecção de dados.
Já a Associação das Empresas de Informática (BITKOM) sublinhou que "apesar do pânico que se tentou gerar" em trono do novo serviço do Google, "as pessoas reagiram com bom senso e sabem muito bem distinguir o que é privado do que é público".