Considerada uma das melhores escolas de programação do mundo, a 42 vai ser inaugurada esta quinta-feira no Porto e já recebeu mais de três mil candidaturas no espaço de um mês.
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Sem aulas, horários ou professores e 100% gratuita. É assim a nova escola de programação 42, localizada no 3.º piso do antigo Palácio dos Correios, na Avenida dos Aliados. Apesar de ser inaugurada oficialmente esta quinta-feira ao final da tarde, com a presença do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já recebe, desde segunda-feira, os alunos da última fase do processo de seleção do primeiro curso, que arranca em outubro.
O processo inicia-se ainda online com dois jogos (um de lógica e outro de raciocínio). Segue-se uma visita à escola e, por fim, a frequência de um "bootcamp" intensivo de 26 dias, de segunda a domingo, onde os candidatos passam entre a 10 a 14 horas por dia na escola. O objetivo, explica Mafalda Sousa Guedes, é que os alunos descubram se a 42 é, de facto, o caminho ideal. "Em média, um terço das pessoas desiste e essa é a ideia, é fazer essa autosseleção antes de eles terem um compromisso maior e a longo prazo com a escola", afirma a diretora-executiva da 42 ao JN.
O curso demora cerca de um ano e meio, mas cada aluno pode trabalhar ao seu ritmo e no seu horário. "Naturalmente, há uns que vão fazê-lo mais rápido que os outros."
Tomás está na faculdade a terminar o curso de Direito, mas quis inscrever-se na 42 em busca de algo "diferente". Faz parte do grupo de 136 alunos que já começaram a mergulhar na programação, ainda com muitas dúvidas, na última etapa do processo de seleção. "Não há grande razão para se tivermos o mínimo de interesse não nos atirarmos para isto. A escola é totalmente grátis", conta ao JN este aluno de 25 anos. Apesar de estar "um bocado à deriva", sem conhecimento de bases de programação, confessa que a experiência tem sido engraçada. "O propósito disto é nós, com algumas instruções e dicas, contarmos uns com os outros e irmos avançando. Há malta que já percebe alguma coisa e consegue ajudar", explica.
O perfil dos alunos é diversificado, vai dos 18 aos 56 anos e é variado no que toca a áreas profissionais, com bartenders, engenheiros e até polícias. 25% são mulheres. Sílvia Oliveira, de 28 anos, veio para a 42 porque quis evoluir como empreendedora. "Estava disposta a ir para Lisboa e foi lá que me disseram que ia abrir este polo no Porto", explica, salientando que a aprendizagem é feita entre pares. Na 42, "há quem se inscreva com o objetivo de mudar de percurso profissional ou somente queira aprender a programar desde sempre", adianta ao JN Beatriz Fernandes, gestora da escola do Porto.
Fundada em Paris, em 2013, com o objetivo de resolver o problema mundial da falta de programadores, a 42 tem hoje mais de dez mil alunos em mais de 25 países, sendo reconhecida como uma das melhores escolas de programação. Em Portugal, foi inaugurada em 2020 com a fixação de uma escola em Lisboa.
A 42 Porto tem como parceiros fundadores a Critical Techworks e a SaltPay, e conta ainda com os seguintes mecenas: Câmara Municipal do Porto, Amorim, BA Glass, Ecosteel, Sodecia, Sogrape, Sonae, Prozis, Vicaima, João Nuno Macedo Silva e Lionesa.