De Reguengos de Monsaraz à Aldeia da Luz, um percurso de meia centena de quilómetros pelo imenso Alentejo - sempre com boa mesa, noites estreladas e um mar de água doce ao alcance da vista.
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IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÓNIO
À beira deste monumento neogótico, bem no centro de Reguengos de Monsaraz, será o momento de colocar o conta-quilómetros a zero. Antes de partir, vale a pena admirar a igreja de finais do século xix, projetada pelo arquiteto António José Dias da Silva (o mesmo que desenhou a Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa), bem como a Praça da Liberdade, montra do dia a dia desta vila alentejana.
ARTESANATO DE SÃO PEDRO DO CORVAL
Cinco quilómetros após a «casa de partida», a primeira escala, no maior centro oleiro de Portugal. É assim que se apresenta São Pedro do Corval, localidade à saída de Reguengos de Monsaraz onde mais de trinta artesãos perpetuam a tradição da cerâmica alentejana. Quem levar na ideia regressar com recordações (palpáveis) da viagem encontrá-las-á aqui. Os preços não divergem muito de uma olaria para outra, pelo que não há roteiro ou lista de recomendações: vai-se entrando e vendo, sem pressas, até encontrar aquilo que mais nos agrade.
MIRADOURO DE MONSARAZ
A viagem continua rumo a Monsaraz. Passados 11 quilómetros,
estamos perante uma das mais impressionantes paisagens de Portugal. Antes de entrar na vila histórica de Monsaraz, é tempo de apreciar o silêncio e a vista deste miradouro privilegiado. De costas para as muralhas da cidadela, e aproveitando os bancos e cadeiras ali colocados, repousamos o olhar na panorâmica sobre o Grande Lago, com Espanha logo adiante. A sensação de imensidão será a cereja no topo do bolo.
MONSARAZ
Monsaraz é uma das mais antigas povoações portuguesas,
conquistada pela primeira vez aos árabes em 1167. Passaram 845 anos e a vila histórica apresenta-se difícil de resistir. O chão e os muros de xisto são imagem de marca, mas também não falta o casario caiado, tradição deste Sul. Atravessada a Porta da Vila, caminhando pelas ruas estreitas e íngremes, chega-se ao castelo.
Do alto da sua muralha, a vista continua a deslumbrar. O roteiro pode (deve) ainda incluir a Cisterna da Vila, o Museu de Arte Sacra e, mesmo ao lado, a Igreja de Santa Maria, do século xvi (para informações sobre visitas e horários, o melhor é contactar o Posto de Turismo, na Rua Direita; Tel.: 927997316).
CONVENTO DA ORADA
É tempo de descobrir o Convento da Orada (Tel.: 266557414), a meio caminho entre Monsaraz e o centro náutico. A sua construção foi terminada em 1741 e, até ao século xix, albergou
a Ordem dos Agostinhos Descalços. Hoje, neste espaço recuperado pela Fundação Convento da Orada, funcionam uma escola e um museu arqueológico. Nas imediações - e um pouco por toda a região - há também monumentos megalíticos, como cromeleques e menires, para descobrir. Uma placa indica a direção.
CENTRO NÁUTICO DE MONSARAZ
Alqueva sem água já não faz sentido. O Centro Náutico
de Monsaraz, inaugurado em 2010, é um bem-vindo espaço de lazer que faz a ligação ao imenso lago. Além do ancoradouro, ponto de partida para diversos passeios de barco - a motor, a remos ou à vela - pelo Alqueva (mais informações na secção Atividades), há também parque de merendas, parque infantil, parede de escalada e um café. É também um local de excelência
para apreciar a paisagem alentejana e não falta espaço ao ar livre para as brincadeiras com crianças num ambiente de tranquilidade.
PONTE SOBRE O ALQUEVA
A viagem prossegue com direção a Mourão, mas antes de lá chegar, sensivelmente ao quilómetro 39 deste percurso, recomenda-se uma paragem, para apreciar de perto a nova ponte sobre o Alqueva. Não é permitido parar ou estacionar no tabuleiro, pelo que fica a sugestão de fazê-lo uma dezena de metros antes. Desça até ao nível da água, junto dos pilares, e, fazendo
confiança no seu talento natural, podemos garantir a realização de uma fotografia inesquecível.
MOURÃO
Pela EN256, cruzada a ponte, avista-se Mourão, na margem esquerda do Guadiana. A proximidade com o rio tem sido uma das suas mais-valias, já que é reconhecida pelas terras férteis. No centro, o casario alentejano merece atenção, mas é a partir do castelo que se tira maior proveito da paisagem. Passeando ao longo das suas muralhas, a vista do topo deste importante
posto de vigia de outrora parece interminável. Ao lado da fortificação fica a Igreja de Nossa Senhora das Candeias,
também aberta para visitas.
NOVA ALDEIA DA LUZ
No verão e outono de 2002, toda a população da Aldeia da Luz foi realojada. O projeto da barragem de Alqueva não podia parar: a localidade iria ser submersa, pelo que se procedeu à construção de uma nova Luz. Respeitaram-se os critérios de vizinhança e planeamento urbanístico e, hoje, a aldeia está à espera de ser descoberta. Dez anos depois, o que terá mudado na vida dos habitantes? Fica o desafio para o leitor: ir à descoberta.
ANCORADOURO DA ALDEIA DA LUZ
Seguindo em direção ao espelho de água do Alqueva, encontramos, ainda na Aldeia da Luz, um passadiço de madeira, através do qual se chega às margens do lago. No final do passeio, fica o novo ancoradouro da Aldeia da Luz, um projeto aguardado com bastante expetativa pela população (com a entrada em pleno funcionamento agendada para este verão). Mesmo que a ideia não seja fazer um passeio de barco, é um local ótimo para apreciar a nova paisagem do Alentejo.