Ao entrar neste restaurante somos imediatamente envolvidos pela aura do palacete secular. Nas mesas junto à janela podemos contemplar o jardim botânico da Quinta das Lágrimas e observar o que se passa na cozinha.
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Sob a batuta do chef Albano Lourenço, tudo obedece a uma ordem. Desde o harmonioso bailado dos empregados entre os clientes à apresentação requintada dos pratos, nada foi deixado ao acaso. Na cozinha todas as peças foram trazidas do restaurante Girasol, em Alicante, com especial destaque para o imponente e lustroso fogão de onde saem fumegantes iguarias. Motivos não faltaram para que, sem grandes surpresas, mantivesse a sua estrela. «Foi sobretudo o resultado de um compromisso entre todos os que operam no Lágrimas em prol desse resultado.
Mais do que a distinção Michelin é termos o reconhecimento dos nossos clientes», afirma Albano Lourenço.
Simplicidade na elaboração dos pratos é um dos grandes trunfos deste cozinheiro que diariamente percorre as bancas da praça da
Figueira da Foz. «Gosto de ver o que há e fazer as compras, ainda hoje trouxe um robalo.
Tudo o que faço assenta nas bases da cozinha portuguesa. Devemos aproveitar os nossos produtos. Temos o melhor peixe, boa carne e excelente fruta.» Desde o robalo assado ao risotto com pataniscas de bacalhau ou peito de pato, as raízes da cozinha tradicional estão sempre presentes no cardápio. «Procuro ter produtos familiares, que façam as pessoas sentir que estão em casa», acrescenta.
Fiel às tradições da sua região, na hora de a família se reunir vem o tacho para a mesa e todos partilham uma apaladada favada. «Em casa só faço comida de tacho e de lenha. O meu avô comia toucinho branco da salga», recorda. Apreciador de petiscos, gosta sobretudo de partilhar o prazer de uma boa mesa. «Quando recebo alguém ou estou com amigos tanto vou a uma tasca como a um restaurante mais sofisticado. Ainda noutro dia estive numa tasquinha no Norte onde tinham um dos melhores fumeiros que já vi», conta, com entusiasmo.
Fadado a seguir a carreira militar, o destino trocou-lhe as voltas e acabou a tirar o curso de Hotelaria: «Costumo dizer que vim para esta área por amor, porque conheci a minha mulher no curso.» Depois de algum tempo a viver no Algarve, onde provou os seus dotes no São Gabriel e no Ermitage, ambos com estrela Michelin (o primeiro ainda a mantém), decidiu voltar à sua terra natal e abraçar a proposta do Grupo Lágrimas. Volvidos 12 anos à frente do Arcadas, a formação é uma das grandes apostas de Albano Lourenço. Na Escola dos Chefes, a funcionar no hotel, desafia
os clientes a testar as suas aptidões para a cozinha através de aulas práticas, que decorrem às quintas à tarde e sábados de manhã, conduzidas por si e por chefs convidados.
QUINTA DAS LÁGRIMAS HOTEL
Tel.: 239802380; quintadaslagrimas.pt
Todos os dias
Preço médio: 49/80 euros (menu),
48/68 euros (lista)