
ALFREDO LEITE/JN
Um grupo de especialistas, em expedição no Árctico, estudou os níveis do degelo na região e concluiu que esta poderá ter um Verão sem gelo, já em 2020. Entre outras possíveis consequências, destacam-se o aumento do nível do mar em sete metros e o perigo de extinção dos ursos polares.
O grupo ambientalista Greenpeace, com o objectivo de chamar a atenção para as mudanças no Árctico, transportou pesquisadores da Universidade britânica de Cambridge, a partir da ilha norueguesa de Esvalbarda, para medirem a espessura do gelo na Gronelândia.
O "Arctic Sunrise", barco da organização não governamental, completou a viagem em apenas três dias, devido ao recuo da camada de gelo em cerca de oito quilómetros.
Segundo os especialistas, estas mudanças dramáticas evidenciam a escala do impacto da humanidade sobre o clima.
Os pesquisadores atracaram num bloco de gelo com metade da área do Brasil e foram confrontados directamente com o derretimento sazonal na região, que termina em meados de Setembro de cada ano.
A área de gelo no mar é facilmente lida através de satélites, mas a medição da sua espessura é mais difícil. A abordagem utilizada pelos investigadores consistiu em perfurar um buraco e colocar uma fita métrica especial, até ao fundo.
Segundo informações do Centro de Dados do Gelo, os níveis de derretimento estão próximos do recorde de 2007, de 4,1 milhões de quilómetros quadrados. As temperaturas também têm sofrido alterações, registando-se cerca de 2,5 graus - valor considerado alto para o final de Verão no Árctico.
Prevê-se que a paisagem da região desapareça dentro de algumas décadas, sendo substituída, a cada Verão, por mar aberto.
Especialistas dizem que a vida selvagem no Árctico, maioritariamente os ursos polares, está dependente da caça no gelo. Os animais estão mais propensos a sofrer com um Verão sem gelo, sendo que os peixes e aves poderão ser gravemente prejudicados com o aumento das temperaturas do ar e da água.
Entretanto, outros investigadores alertam para as perturbações nos padrões do clima global. Um mar aberto, sem a sua camada isolante de gelo, liberta mais calor para o ar polar.
Recorde-se que a diferença de temperatura entre os pólos e o equador é o motor básico do clima mundial.
Pesquisadores dizem também que um Árctico mais quente pode acelerar o derretimento de gelo na Gronelândia, que contém água suficiente para elevar o nível dos mares em sete metros.
