A época áurea dos Descobrimentos portugueses revive-se no Feitoria. Com vistas rasgadas para o Tejo, de onde partiram as caravelas em busca de paragens longínquas, somos convidados a navegar entre o Ocidente e o Oriente, provando o melhor de dois mundos.
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Ao leme está o chef José Cordeiro que, apesar de algumas críticas menos favoráveis ao restaurante, viu o novo ano acenar-lhe com uma estrela Michelin. Esta é a segunda de uma já preenchida carreira, a primeira conseguida em 2005, e mantida em 2006, quando dirigia a cozinha do Largo do Paço, em Amarante.
«A estrela Michelin é uma das grandes maneiras de vermos o nosso trabalho reconhecido e enaltece qualquer profissional», afirma o chef nascido em Angola. Veio para Portugal aos 8 anos e desde pequeno aprendeu a gostar dos sabores tradicionais. As viagens em família por esse Portugal fora e os locais onde viveu foram determinantes para a escolha desta profissão. «Considero que a minha raiz gastronómica é transmontana. Foi o contacto, desde tenra idade, com os produtos e pratos da região que me fez ganhar o amor pela gastronomia portuguesa.» Foi também essa admiração que o levou a escrever o livro As Minhas Receitas para Cozinheiros Amadores (Edições do Gosto, 2011), em que os produtos genuínos, provenientes de várias regiões do país, ocupam lugar de destaque. «Escolhi os pratos de que mais gosto e melhor me caraterizam. A maioria é fácil de cozinhar e acessível, como o cozido à transmontana.»
Grande parte da sua carreira foi vivida no Norte, tendo passado por restaurantes emblemáticos como o do Pestana Porto Carlton Hotel, o Royale 1147 e o W-Duck (estes em Matosinhos), entre vários outros. A vinda para a capital surgiu com o convite
para dirigir o Feitoria - lugar onde pôde finalmente consolidar a experiência acumulada ao longo dos anos. «A abertura do Altis Belém Hotel & Spa foi um enorme desafio e continua a sê-lo diariamente, é como tornar um sonho realidade.»
Defensor do uso do produto português, a qualidade é um ponto de honra na sua cozinha: «É muito elevada a todos os níveis, desde os ingredientes ao empratamento, passando obrigatoriamente por uma confeção bastante exigente.» Todas as suas criações traduzem, de certa forma, as suas origens, tradições e vivências.
«É extremamente importante que os produtos tenham sempre ligação na criação de um novo prato. Acho que este será sempre o segredo de qualquer cozinheiro. Os pratos tornam--se famosos porque os produtos que neles colocamos têm uma ligação perfeita entre eles, de modo a agradar ao maior número de gostos.»
ALTIS BELÉM HOTEL & SPA
Doca do Bom Sucesso (Belém), Lisboa
Tel.: 210400200; restaurantefeitoria.com
De terça a sábado
Preço médio: 58/75 euros (menu),
42/82 euros (lista)