De Rio Caldo à cascata Taiti, há tempo para miradouros únicos, mergulhos no rio, banhos nas termas e desportos radicais.Sem a mínima inveja de quem bebe água em todas as fontes.
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RIO CALDO
De Braga até Rio Caldo, em Terras de Bouro, a viagem não chega a uma hora. São pouco menos de quarenta quilómetros a atravessar o Minho. As duas pontes juntam três margens e é tomando a direção de Rio Caldo que se chega à albufeira da Caniçada, ponto de partida para esta viagem. Da esplanada do Marina Bar, diante das embarcações atracadas no ancoradouro, descansamos a vista nas águas da barragem. No toldo, a inscrição Let"s rock"n"roll by the harbor parece um contrassenso perante a tranquilidade deste lago.
ALBUFEIRA DA CANIÇADA
Um quilómetro adiante, na direção de Vilar da Veiga, numa saída à esquerda, estaciona-se - o caminho que leva à praia fluvial só está preparado para viaturas com tração às quatro rodas. Mas não é preciso andar sequer quinhentos metros para chegar à água. As «gaivotas» coloridas alinhadas prometem diversão. Mas há muito mais por onde escolher no cardápio da Água Montanha Lazer (aguamontanha.com): passeios de barco e de jipe, esqui aquático e «corridas» em boias e «bananas» puxadas por lanchas rápidas. Diversão garantida para adultos e crianças. Na enseada ao lado (acessível por um trilho curto), a praia é ainda mais convidativa a banhos.
VILA DO GERÊS
Para lá de Vilar da Veiga, e seguindo as indicações Gerês pelo percurso sempre surpreendente graças à beleza da paisagem, surge uma nova paragem. Desta vez mais prolongada.
A vila do Gerês é a porta de entrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês (portal.icnb.pt). E é na Avenida Manuel Francisco da Costa que tudo acontece: cafés, lojas, restaurantes, hotéis, spa e termas são alguns dos pontos de interesse. É sempre de recomendar uma passagem pelo posto de turismo, pelo menos para comprar um mapa da região (dá jeito e só custa um euro). Os edifícios históricos recuperados desta vila da freguesia de Vilar da Veiga são também pontos de interesse a considerar.
PARQUE DAS TERMAS
A pureza do ar convida a um passeio a pé. As Termas & Spa do Gerês (aguasdogeres.pt) souberam evoluir e por isso, além dos tratamentos de saúde e bem-estar e do central Hotel das Águas do Gerês, a oferta inclui também o Parque das Termas (entrada: um euro/0,50 euros, adulto/criança; gratuito para hóspedes e utilizadores das termas), que merece uma visita sem pressas. As cascatas, o verde das árvores, as mesas de pedra e as piscinas são boas razões para o descobrir.
No local, também se pratica arvorismo (mais informações na secção Atividades).
MATA DA ALBERGARIA
A estrada nacional 308-1 percorre o parque nacional com curvas sinuosas e diversos pontos de observação. Além disso, à sua beira, são inúmeras as fontes de água fresca que convidam a sucessivas paragens. Dificilmente se poderá beber água mais pura. Dez quilómetros depois da vila do Gerês, surgem as indicações para a mata da Albergaria. A casa de madeira dos funcionários do parque, à esquerda na via, indica que a zona é protegida. Siga as instruções de quem sabe e continue com esta indicação em mente: desse ponto em diante não é permitido parar ou estacionar veículos na estrada, para evitar congestionamentos na zona das cascatas.
CASCATA DA PORTELA DO HOMEM
Passado esse troço mais movimentado, pode, finalmente, encostar o carro para apreciar a panorâmica com calma. Cerca de 4,5 quilómetros após a entrada na mata da Albergaria,
é altura de conhecer a cascata da Portela do Homem, uma das mais procuradas da região. As suces-sivas quedas de água e os pequenos charcos fazem dela uma praia de eleição mesmo sem areal. Percorrido o trilho até à cascata, há possibilidade de fazer uma caminhada pela natureza até às antigas minas dos Carris, sempre com o rio Homem por companhia e percurso sinalizado.
MILHA XXXIV
Menos de um quilómetro à frente, a antiga fronteira e eterna divisão com Espanha. Aqui, encontram-se alguns dos marcos miliários da Geira Romana ou Via Nova. Este caminho construído pelos romanos com o objetivo de ligar Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga, em Castela e Leão) percorre, no concelho de Terras de Bouro, trinta quilómetros. Outra caminhada a considerar - longos troços de calçada, diversos miliários, ruínas de pontes e vistas deslumbrantes são garantias, à partida.
MIRADOURO VELHO
É tempo de fazer o caminho inverso, apreciar uma vez mais o único parque nacional português e, no cruzamento do Vidoeiro, seguir em direção a Ermida e Pedra Bela. Serão sensivelmente 15 quilómetros de descobertas, fontes, curvas e contracurvas até ao impressionante miradouro Velho. Há que subir até ao cimo da rocha arredondada (há degraus de pedra) e aproveitar a vista a mais de oitocentos metros de altitude (834 m, para ser exato). Choca ver o que ardeu na encosta no último verão, mas o verde esperançoso está a ganhar terreno.
CASCATA DO ARADO
A estrada continua até à localidade de Ermida, mas, pelo caminho, a placa de madeira cravada numa rocha lança novo convite para um mergulho: a cascata do Arado, também ela uma das mais requisitadas do Gerês. A água em estado quase puro que vem da montanha encontra aqui cantos e recantos rochosos, formando piscinas naturais de difícil acesso. No entanto, não é por isso que os visitantes, nos meses de verão, deixam de a frequentar. Durante a semana tudo é mais tranquilo.
CASCATA TAITI
Ermida, a aldeia comunitária, surge como ponto de referência
no percurso. Há que seguir as indicações na estrada e daí rumar a Fafião, no concelho de Montalegre. Três quilómetros depois de Ermida, eis um dos segredos bem guardados do Gerês, a cascata Taiti. O nome permanece um mistério e são várias as correntes de opinião. Pelas quedas de água, pelo cenário paradisíaco, pelas lagoas e charcos, parece saída de um filme. Ou de um anúncio publicitário dos anos oitenta a um determinado gel-duche com nome de território na Polinésia, onde uma bela nativa se banhava. Quem sabe?