Morreu Joaquim Pinto Lopes, o primeiro líder português de viagens de grupo
Joaquim Pinto Lopes, fundador da agência de viagens a que deu o nome, morreu ontem à noite aos 81 anos. Natural de Paredes, deixa um legado à comunidade de viajantes portugueses: foi dos primeiros a querer ir mais longe. E levou milhares de pessoas pela mão.
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A vida de Pinto Lopes começou mesmo nas viagens. Curtas, nacionais, entre os autocarros da empresa familiar criada em 1870. A juventude haveria de lhe espicaçar o espírito e, certo dia, decidiu organizar uma viagem até Paris. Para passear e conhecer e não apenas para levar imigrantes. Era 1973 e estava dado o mote. Não tardaria a lançar-se Mundo fora, construindo uma empresa que ainda hoje, cinco décadas depois, se mantém familiar, nas mãos dos filhos, e continua a acumular prémios de excelência.
O fundador da Pinto Lopes Viagens despede-se com mais de mil viagens e de 150 países no passaporte, um feito que o torna um português ainda raro.
O falecimento foi comunicado pela agência, que recorda a vida de Joaquim Pinto Lopes "a abrir caminhos pelo Mundo e a inspirar gerações a descobrirem novos horizontes". E retoma uma frase que define o fundador: "Mais Mundo houvesse e lá chegaríamos!".
Numa entrevista à Volta ao Mundo por ocasião dos 50 anos da agência, o filho, Rui Pinto Lopes, sublinhava o papel da família na criação da tendência das viagens em grupo e dos líderes de viagem. Hoje, a agência tem um portefólio que cobre mais de 150 países e vários tipos de viagens, incluindo as famosas viagens de autor. Entre eles, José Luís Peixoto, que conduziu muitos portugueses à Coreia do Norte, ou Gonçalo Cadilhe, que os tem levado em voltas ao Mundo nos trilhos de Fernão de Magalhães. "Há 50 anos, ainda antes do 25 de Abril, Joaquim Pinto Lopes, que já tinha o bichinho das viagens - viajava desde os 16 anos, apesar de serem tempos completamente diferentes - lembrou-se e começou a construir o que é hoje uma realidade", saudava Rui Pinto Lopes.
"Chamaram-me louco e provavelmente tinham razão. Eram tempos difíceis, em que a geopolítica transformava fronteiras em barreiras quase intransponíveis. Impunha-se um espírito aventureiro, de mochilas e tendas, sacos-cama e farnéis, autocarros com bagagem no tejadilho e sem ar condicionado", recordou o próprio Joaquim, na biografia "Mais Mundo Houvesse", lançada para assinalar as cinco décadas da agência.
O velório de Joaquim Pinto Lopes decorre esta quinta-feira no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Cete, Paredes. O funeral realiza-se esta sexta-feira no Mosteiro de Cete.


